Brasil

Aras deixa sem respostas perguntas espinhosas envolvendo atuação do MP

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, subprocurador foi sabatinado e aprovado pelo Senado para o cargo de procurador-geral da República

Augusto Aras: subprocurador passou por sabatina no Senado nesta quarta-feira (Waldemir Barreto/Agência Senado)

Augusto Aras: subprocurador passou por sabatina no Senado nesta quarta-feira (Waldemir Barreto/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de setembro de 2019 às 19h20.

Indicado como procurador-geral da República pelo presidente Jair Bolsonaro, Augusto Aras deixou sem resposta duas perguntas delicadas feitas por senadores envolvendo a atuação do Ministério Público Federal. O subprocurador foi sabatinado e aprovado para o cargo nesta quarta-feira, 25.

Na sabatina, Aras não respondeu ao senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) o que pensa sobre o inquérito sigiloso aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar ameaças a ministros, que até hoje não foi compartilhado com a Procuradoria-Geral da República (PGR), motivo pelo qual a ex-procuradora-geral, Raquel Dodge, pediu o arquivamento. Tampouco esclareceu a sua posição sobre as mensagens trocadas por procuradores da República, reveladas pelo site The Intercept.

"O que fazer com esse material, já que muitos citados já confirmaram o teor e veracidade dos mesmos? Vamos fingir que eles inexistem?", questionou Renan Calheiros (MDL-AL), afirmando que se trata de "diálogos tão escabrosos que lemos periodicamente, registrando ilegalidades indefensáveis de procuradores". "O senhor pode responder ou não", comentou.

Em uma rodada de perguntas que fez a Aras, Alessandro Vieira incluiu uma sobre "inquérito das fake news". "A sua antecessora - provável antecessora - no cargo de procurador-geral da República já se manifestou no sentido da absoluta ilegalidade, arbitrariedade, reiterando o pedido de arquivamento do procedimento. Qual é a opinião e qual será o posicionamento de V. Exa. neste ponto?", indagou Vieira.

Aras deu várias respostas a esse bloco de perguntas, com temas como a atuação como advogado e a situação das queimadas da Amazônia, mas não comentou sobre o inquérito específico.

O Ministério Público Federal se posicionou veementemente contra o inquérito das fake news, argumentando que fere o chamado princípio acusatório. De acordo com esse princípio, apenas o MPF pode conduzir uma investigação e solicitar medidas, porque, no fim, é a quem compete oferecer denúncias criminais. Foi por isso que a então procuradora-geral Raquel Dodge requereu o arquivamento, sendo ignorada pelo relator, ministro Alexandre de Moraes - autor de decisões que afastaram auditores fiscais da Receita e pararam investigação do Fisco sobre autoridades.

Esse mesmo argumento de que só a PGR pode solicitar investigações levou senadores a questionarem a decisão do ministro do Supremo Luís Roberto Barroso que autorizou a Polícia Federal a cumprir mandado de busca e apreensão no gabinete da liderança do governo no Senado.

Acompanhe tudo sobre:Augusto ArasJair BolsonaroMinistério PúblicoSenado

Mais de Brasil

Eduardo Leite deixa aliados de sobreaviso sobre saída do PSDB e indica que pode se filiar ao PSD

Anvisa torna obrigatória retenção da receita para a venda de Ozempic

Veja como vai funcionar novo programa de perícias do INSS para diminuir fila

Relator da maior aposta de Lula, Lira diz que seria 'honraria' ocupar cargo de vice de Bolsonaro