Jair Bolsonaro, presidente da República REUTERS/Ueslei Marcelino (Ueslei Marcelino/Reuters)
Ligia Tuon
Publicado em 5 de abril de 2019 às 11h05.
Última atualização em 5 de abril de 2019 às 11h54.
São Paulo — Prestes a completar 100 dias de mandato, o governo Bolsonaro tem visto sua popularidade cair.
O nível de aprovação do presidente eleito só é melhor que os que seu antecessor imediato, Michel Temer (MDB), e Itamar Franco tinham em seus primeiros três meses de mandato. Esse último assumiu a presidência após o Impeachment de Fernando Collor, em 1992. A conclusão é da pesquisa mensal XP/Ipespe, realizada entre os dias 1º e 3 de abril.
As avaliações positivas ("ótimo" e "bom") na impressão dos entrevistados caíram de 40% para 35% de janeiro para cá. O nível "regular" foi de 29% para 32% no mesmo intervalo. Já as avaliações negativas subiram de 20% para 26%.
A expectativa dos brasileiros em relação ao futuro também se deteriorou. Apesar de 50% dos entrevistados esperarem um governo ótimo ou bom para o restante do mandato de Bolsonaro, esse número caiu 13 pontos percentuais de janeiro para cá. As expectativas por uma gestão ruim ou péssima, por outro lado, subiram de 15% para 23% no mesmo intervalo.
Ainda segundo a pesquisa, 43% dos entrevistados acreditam que a corrupção — uma das principais pautas do governo durante a campanha — terá diminuído nos próximos seis meses. Esse número chegava a 54% em janeiro. No lado negativo, a percepção de que a corrupção terá aumentado em seis meses foi de 16% dos entrevistados para 24% de janeiro para cá.
Pesquisa Ibope divulgada há pouco mais de 15 dias também mostrou uma queda significativa na avaliação positiva do governo. O índice caiu 15 pontos percentuais em relação a janeiro, somando 34%, segundo o instituto. O percentual dos que desaprovam o governo Bolsonaro é de 38%, contra os 31% registrados em fevereiro e 21% em janeiro.
O governo Bolsonaro vem se esquivando de polêmicas desde o início. Denúncias envolvendo candidatas laranjas em seu partido nas eleições do ano passado, a instabilidade crescente no Ministério da Educação, a aparente falta de habilidade em conter comentários de seus filhos e até o compartilhamento de vídeos com conteúdo sexual explícito para criticar o Carnaval são algumas delas.
As sucessivas crises foram aprofundadas por derrotas sofridas no Congresso, onde Bolsonaro corre o risco de não alcançar o número mínimo de votos para aprovar a reforma da Previdência. Nesse contexto, o presidente foi aconselhado a aceitar a distribuição de cargos e, enfim, se render à "velha política".
Nesta quinta-feira (4), seguindo esses conselhos, Bolsonaro deixou de lado o termo "velha política" (um de seus preferidos para criticar adversários políticos) em encontro com o PSDB, DEM, PSD, PP, PRB e MDB. Ele até pediu desculpas pelas "caneladas" e sugeriu a criação de um "conselho político", com quem pretende se encontrar a cada 15 dias.
A pesquisa ouviu 1.000 eleitores de todas as regiões do Brasil e tem margem máxima de erro de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos.