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Após visita de Obama, Cidade de Deus volta à rotina

Enquanto serviço secreto, exército e segurança deixam as ruas, lixo e saneamento voltam à lista de problemas rotineiros

O presidente Obama visita escola da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

O presidente Obama visita escola da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2011 às 19h11.

Rio de Janeiro - No dia seguinte à visita de Barack Obama, a Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, retomou a rotina. O lixo está de volta às ruas e a favela vive problemas rotineiros, como a tensão entre moradores e policiais.

Na Rua Israel, em frente à sede da Fundação da Infância e da Juventude (FIA), que recebeu a visita do líder americano, o lixo voltou a se acumular na rua para o desgosto do comerciante Edvaldo dos Santos, de 39 anos. "Isso parece que nunca vai mudar. Já colocamos placas para sinalizar que não é o local certo para despejar o lixo, mas não adianta", lamentou Santos, que engrossa o coro dos otimistas sobre o futuro da Cidade de Deus. "Agora, os olhos do mundo estão voltados para a comunidade porque recebemos o presidente americano", opinou ao lado do monte de sacolas com lixo orgânico, madeiras e plásticos.

Entre os vizinhos, que tentaram ver o homem mais poderoso do mundo durante a visita de 33 minutos, a decepção era grande. "Fiquei muito chateada. Limparam e pintaram tudo aqui e ele não veio brincar com as crianças que estavam na quadra", disse Janice Alves de Souza, de 42 anos. Moradora de uma pequena casa em frente a um rio assoreado pelo lixo e transformado em valão, ela sonha. "Dizem que muita coisa vai mudar. Falam que vão transformar a comunidade em um condomínio e fechar o valão. Aqui é um lugar nobre e chique. Não me sinto favelada. Somos vizinhos da Barra da Tijuca", afirmou, referindo-se ao bairro dos ricos emergentes na zona oeste.

Enquanto o Serviço Secreto, o Exército e a Polícia Federal discutiam a segurança de Obama, o comandante das Unidades de Polícia Pacificadora, coronel Robson Rodrigues, passou a véspera da visita do líder americano mergulhado em reuniões com líderes comunitários e policiais na favela.

Ele definiu os últimos ajustes para o uso de armas não letais (spray de pimenta, balas de borracha e granadas de luz e som) no policiamento da comunidade. As abordagens agora serão filmadas pelos policiais. As mudanças ocorreram depois que no último carnaval um morador foi espancado e um grupo de policiais da UPP atirou para o alto durante o tumulto em uma festa na favela. A cena foi filmada por um fotógrafo que mora na comunidade e os policiais foram afastados.

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