Brasil

Após Universidade Metodista demitir professores, alunos protestam

Parte dos docentes da universidadediz que as demissões são uma retaliação a uma ação judicial coletiva

Universidade Metodista: desde segunda, os professores começaram a ser chamados em sequência para serem demitidos (Facebook Universidade Metodista de São Paulo/Reprodução)

Universidade Metodista: desde segunda, os professores começaram a ser chamados em sequência para serem demitidos (Facebook Universidade Metodista de São Paulo/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de dezembro de 2017 às 10h32.

São Paulo - Ao menos 50 professores da Universidade Metodista de São Paulo foram demitidos após uma mudança na direção da instituição, segundo o Sindicato dos Professores do ABC (Sinpro ABC). Parte dos docentes diz que as demissões são uma retaliação a uma ação judicial coletiva.

Os professores haviam entrado com o processo porque, desde 2015, estariam recebendo salários atrasados e não têm o fundo de garantia depositado. A universidade não se manifestou.

"A situação começou como uma crise financeira, com o atraso de salários. Tentamos conversar, negociar, mas nada ia para frente. Depois da ação coletiva, os professores que sempre participaram das assembleias foram demitidos. Foi uma decisão política", alega Cristiane Gandolfi, diretora do sindicato e professora do curso de Pedagogia da Metodista.

Luís Roberto Alves, de 70 anos, era professor da pós-graduação em Administração até segunda-feira, quando foi demitido. Segundo ele, falhas no depósito do FGTS vêm ocorrendo desde 2014. "Foram alguns lançamentos em 2015, 2016, neste ano, mas com lacunas de até sete meses."

Ele conta que, desde segunda, os professores começaram a ser chamados em sequência para serem demitidos.

Há 31 anos na instituição, Alves diz que seu curso estava ameaçado de ser extinto desde agosto e não foi aberto edital para novas turmas.

Futuro

Um professor que trabalhava na instituição havia 13 anos e pediu para não ser identificado diz ter participado das assembleias e entende sua demissão como uma retaliação à participação nas reuniões em que foi discutido o atraso salarial.

"Me preocupa o futuro da Metodista. Foi onde me formei e iniciei minha carreira. Vou sempre carregar o nome dessa instituição. Por isso, lutava pelos meus direitos e de meus colegas."

A maior parte das demissões ocorreu nos cursos da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades. Muitos atuavam em cursos de pós-graduação, o que preocupa estudantes e funcionários, que temem pela continuidade de pesquisas.

Alunos e ex-alunos usaram as redes sociais para lamentar as demissões e manifestar apoio aos professores. Eles fizeram um protesto em frente à instituição na noite desta quinta-feira, 14. O temor é em relação à qualidade do ensino.

"Éramos referência no quadro de docentes, com mestres, doutores. Com essas demissões, esse quadro foi diminuído e a qualidade do curso pode ser deteriorada", diz Henrique Malange, de 20 anos, que está no 7.º semestre de Administração.

O receio é compartilhado pela estudante de Ciências Biológicas Nathalia Gomes, de 21 anos, que, diante da crise na Metodista, já planeja até concluir a graduação em outra universidade. "Pessoas que pensavam em vir para a Metodista estão buscando outras faculdades."

Segundo o sindicato, a instituição também decidiu não iniciar os cursos de licenciatura, exceto Pedagogia, em 2018.

Procurada pela reportagem nesta quinta, a Universidade Metodista de São Paulo não comentou as demissões nem o fechamento das graduações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:DemissõesEnsino superiorFaculdades e universidades

Mais de Brasil

STF forma maioria para manter prisão de Robinho

Reforma Tributária: pedido de benefícios é normal, mas PEC vetou novos setores, diz Eurico Santi

Ex-vice presidente da Caixa é demitido por justa causa por assédio sexual