Brumadinho: rompimento da barragem matou 272 pessoas (Germano Lüders/Exame)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de janeiro de 2022 às 18h03.
Última atualização em 26 de janeiro de 2022 às 18h10.
Passados três anos do rompimento da barragem da Mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro de 2019, o trabalho de reflorestamento da região avança lentamente. Dos 297 hectares de áreas afetadas, sendo 146 de florestas, apenas 23 hectares, incluindo áreas protegidas como reservas legais e Áreas de Preservação Permanente (APP), foram recuperados. O trabalho representa 8% do total, segundo a Vale. Foram plantadas cerca de 30 mil mudas de espécies nativas.
A previsão da Vale é que a área afetada seja recuperada dentro de dez anos. Segundo a mineradora, o plantio de mudas é uma das últimas etapas de recuperação ambiental. Antes de iniciar o plantio, é necessário que o Corpo de Bombeiros de Minas libere a área. A corporação continua em busca de seis corpos desaparecidos no mar de lama do acidente. Além dessas vítimas, a tragédia deixou 264 mortos.
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"Continuamos empenhados nas buscas. Essa é a nossa prioridade, algo muito importante para as famílias e para a empresa. Acreditamos que todo este processo pode ser acelerado com a nova estratégia de buscas, com novos equipamentos", diz Marcelo Klein diretor especial de reparação e desenvolvimento da Vale.
Segundo a empresa, foram coletados cerca de 600 quilos de frutos e sementes de 80 espécies diferentes para o reflorestamento, resultando em 200 mil mudas produzidas. A empresa afirma que um importante indicador do avanço das ações ambientais é o registro por câmeras de calor, da movimentação de animais silvestres. Afugentados pelo rompimento da barragem, aos poucos os bichos estão voltando — de tamanduás a onças.
Já a recuperação da qualidade da água do Rio Paraopeba, atingido por rejeitos de Brumadinho, também demora. A avaliação é da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas). O consumo da água do rio não é recomendado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). Trata-se de medida preventiva.
A advogada Ísis Táboas, da Aedas em Brumadinho, explica que a assessoria fez 200 coletas de água no rio no ano passado. Foram identificados metais pesados, como ferro e manganês, em níveis acima do permitido. Essas substâncias podem provocar doenças neurológicas e de pele. O resultado corrobora o identificado pelo Igam desde Brumadinho até o limite da usina de Retiro Baixo em Pompéu.
Ísis lembra que a Vale assumiu a obrigação de enviar água por caminhões-pipa para parte dos moradores, mas existem constantes queixas, como a de Julio Adão Pereira de Souza, de 69 anos, aposentado, que vive nas Fazendinhas Baú, em Pompéu. "Depois da barragem, não posso usar mais os poços de água próximos do rio para beber, cozinhar, tomar café", diz. Procurada, a Vale afirma que já entregou 1,4 bilhão de litros de água por caminhões-pipa e informa que tem o compromisso de efetivar soluções para a população afetada pela suspensão da captação de água no Rio Paraopeba, de Brumadinho a Pompéu.