Brasil

Após suspeita, Joesley e delatores da JBS podem ser presos?

PGR abre investigação contra três executivos da JBS. A suspeita é de que eles omitiram informações "gravíssimas" em seu acordo de delação premiada

JOESLEY BATISTA: O empresário negou que tenha forçado a venda de ações pensando na repercussão negativa de sua delação premiada no mercado / REUTERS/Leonardo Benassatto (Leonardo Benassatto/Reuters)

JOESLEY BATISTA: O empresário negou que tenha forçado a venda de ações pensando na repercussão negativa de sua delação premiada no mercado / REUTERS/Leonardo Benassatto (Leonardo Benassatto/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 20h59.

Última atualização em 4 de setembro de 2017 às 21h13.

São Paulo - A delação premiada mais polêmica desde a consolidação desse tipo de acordo no Brasil ganhou hoje mais um capítulo dramático. Depois de receber novas gravações ligadas aos executivos do grupo J&F, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, abriu uma investigação contra três delatores da empresa --  entre eles, o empresário Joesley Batista, pivô da mais grave crise do governo de Michel Temer.

A suspeita é que os executivos da holding que controla a JBS omitiram informações “gravíssimas” em seu acordo de delação premiada. De acordo com Janot, as gravações apresentadas pelos delatores na semana passada revelam um diálogo entre Joesley e Ricardo Saud, então diretor institucional da J&F, com “referências indevidas à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal”.

Exemplo disso é o diálogo no qual falam sobre uma suposta atuação do então procurador da República Marcello Miller, dando a entender que ele estaria auxiliando na confecção de propostas de colaboração a ser fechada com a Procuradoria-Geral da República. Tal conduta configuraria, em tese, crime e ato de improbidade administrativa.

O que acontece se a delação dos executivos for anulada?

Dos sete delatores da JBS, três serão alvo de investigação da Procuradoria-Geral da República. O acordo fechado por eles em maio previa a anulação dos benefícios oferecidos aos executivos caso eles mentissem ou omitissem informações sobre o crimes praticados.

Com isso, se for comprovada a omissão, o acordo entre Joesley, Ricardo Saud e o advogado Francisco de Assis e Silva pode ser rescindido.

“Isso significa que os delatores que tinham recebido como benefício a imunidade processual. A consequência é que eles poderão ser investigados, denunciados e, se for provada a culpa, podem até ser presos”, afirma Gustavo Badaró, professor de Direito Processual Penal da Universidade de São Paulo (USP).

Joesley e os outros 2 delatores podem ser presos?

Sim. Se os delatores perderem a imunidade processual outorgada pelo acordo, eles poderão ser denunciados inclusive pelos crimes que confessaram durante os depoimentos ao Ministério Público Federal. Se condenados, poderão ser presos, sim. Além disso, explica o professor da USP, eles podem até ser alvo de uma prisão preventiva caso deem motivos durante o curso do processo.

As provas também serão anuladas?

Não. As provas apresentadas pelos delatores continuam valendo. O que perde a credibilidade, explica Badaró, são os relatos apresentados pelos próprios delatores -- fato que, na visão do especialista, poderia prejudicar uma eventual nova denúncia contra Temer.

Vale lembrar que Janot deve deixar o comando da Procuradoria-Geral da República no próximo dia 17 de setembro. A expectativa era de que ele apresentaria uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer nos próximos dias. Parte das acusações seriam fundamentadas na delação dos executivos do grupo J&F.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoDelação premiadaJ&FJoesley BatistaRodrigo Janot

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP