Brasil

Após SP recusar livros didáticos, Ministério da Educação afirma que adesão é voluntária

Educação estadual de São Paulo decidiu que irá usar material próprio e digital nos ensinos fundamental e médio a partir de 2024

Educação: estudantes usarão um material em formato digital com conteúdo distinto a partir do ano que vem (Senado Federal/Reprodução)

Educação: estudantes usarão um material em formato digital com conteúdo distinto a partir do ano que vem (Senado Federal/Reprodução)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 8 de agosto de 2023 às 19h40.

Última atualização em 8 de agosto de 2023 às 19h52.

Após o governo de São Paulo recusar quase 10 milhões de livros do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) do Ministério da Educação e decidir distribuir material próprio, a pasta afastou a possibilidade de tomada de medida reforçando que a adesão e permanência no programa é “voluntária”.

O estado decidiu não aderir ao programa, do triênio de 2024 a 2027, para os anos finais do ensino fundamental (entre o 6º e o 9º ano) e para o ensino médio da rede estadual. No lugar dos livros didáticos do PNLD, os estudantes usarão um material em formato digital com conteúdo distinto a partir do ano que vem.

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo em primeira mão. Inscreva-se no Telegram da Exame

Inicialmente, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo havia anunciado que o material só seria disponibilizado de forma digital. Após repercussão negativa, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) declarou que o material também será impresso.

A secretaria afirma que as obras têm conteúdo “próprio alinhado ao currículo do Estado e usado nas 5,3 mil escolas, mantendo a coerência pedagógica”. O estado decidiu aderir apenas à compra de livros literários para o PNLD e do material didático para a educação de jovens e adultos (EJA).

“A permanência no programa é voluntária, de acordo com a legislação, aderente a um dos princípios basilares do PNLD, que é o respeito à autonomia das redes e escolas”, disse o MEC em nota ao "O Globo". “As escolas podem escolher, de forma democrática, o material que mais se adequa à sua realidade pedagógica”.

O número de escolas que utilizam obras do programa vem caindo desde 2019, segundo dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e é a primeira vez em quatro anos que a distribuição do material tem a adesão de menos de 200 mil centros de ensino. Hoje, 198 mil escolas são beneficiadas com livros do PNLD. Ano passado, eram 203 mil, e em 2021, 226 mil. Em 2019, ano em que as obras foram escolhidas ainda na gestão do ex-presidente Michel Temer, 252 mil escolas aderiram ao programa.

Com a decisão de SP, é a primeira vez que um estado declina o material didático do MEC desde a criação do programa, há mais de 80 anos. Em entrevista coletiva na segunda-feira, 7, o secretário da Educação do estado, Renato Feder, afirmou que o governo escolheu seguir com livros digitais próprios porque os do PNLD “não são consumíveis” e não podem ser riscados devido à reutilização.

"Material do currículo paulista é um livro consumível e os livros do PNLD não são consumíveis. Ele pode anotar, grifar. A gente quer que o aluno consuma", afirmou Feder.

Em outros momentos, o secretário chegou a dizer que os livros didáticos (escolhidos ainda na gestão de Bolsonaro) eram “rasos”, “superficiais” e que “perderam conteúdo, profundidade”.

Para especialistas em educação ouvidos pelo "O Globo", o material digital da Secretaria de Educação não deve substituir o livro didático e a decisão de SP afasta o estado das políticas do MEC. O Ministério Público do estado instaurou um inquérito para apurar a decisão.

Acompanhe tudo sobre:MEC – Ministério da EducaçãoTarcísio Gomes de Freitas

Mais de Brasil

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil

Justiça Eleitoral condena Marçal por abuso de poder e o declara inelegível

Alexandre de Moraes determina suspensão do Rumble no Brasil

ViaMobilidade investirá R$ 1 bilhão nas linhas 8 e 9 para reduzir intervalos e reformar estações