MEC: integrantes da pasta disseram que os funcionários foram afastados depois do episódio da carta enviada às escolas (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de março de 2019 às 08h07.
Última atualização em 11 de março de 2019 às 09h55.
Brasília — Após reunião com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada na manhã deste domingo (10) o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, decidiu exonerar coronel-aviador da reserva Ricardo Wagner Roquetti do cargo de diretor de programa da Secretaria Executiva da pasta.
Ao longo da tarde, integrantes do grupo do filósofo e escritor Olavo de Carvalho divulgaram nas redes sociais que Bolsonaro pediu ao ministro o afastamento do diretor de programa da Secretaria Executiva, coronel-aviador da reserva Roquetti.
A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) não se pronunciou sobre a exoneração do assessor. O afastamento, no entanto, foi confirmado.
O militar da Aeronáutica está no centro de uma disputa envolvendo os "olavistas", militares e técnicos em cargos comissionados no ministério.
Os "olavistas" dizem que os militares isolaram o ministro Vélez Rodríguez e "sabotaram" ações no setor defendidas na campanha de Jair Bolsonaro.
Na sexta-feira, o filósofo usou as redes sociais para pedir a seus alunos a deixaram os cargos no ministério, depois que foi informado do expurgo.
Nas redes sociais, ele escreveu que oficiais militares induzem Vélez Rodriguez, a tomar "atitudes erradas" e lançam a culpa nos seus alunos. "São trapaceiros e covardes", acusou.
Oficiais militares induzem o ministro Velez a tomar atitudes erradas, e depois lançam a culpa nos meus alunos. São trapaceiros e covardes.
— Olavo de Carvalho (@opropriolavo) March 9, 2019
Integrantes do MEC disseram que os funcionários foram afastados depois do episódio da carta enviada às escolas pelo ministro e por tomarem posições com viés ideológico.
Ligado ao filósofo, o assessor especial do ministério Silvio Grimaldo escreveu na manhã de sábado no Facebook que foi um dos que sofreram rebaixamento de cargo por conta da pressão dos militares.
O assessor ressaltou que o presidente Jair Bolsonaro poderia fazer um governo "alicerçado" em ativistas e intelectuais de direita, mas "preferiu" se cercar de "generais positivas".
"Com o tempo, a influência do coronel sobre Vélez aumentou, e ele acabou abandonando qualquer pretensão de ter uma função específica (...) Perambulava pelo gabinete como a eminência parda do ministro, dando ordens, tomando decisões, indicando amigos para os cargos que vagavam", disse Grimaldo.
Em outra postagem, ele associou os ataques ao grupo de Olavo dentro do MEC a demissão do diplomata Paulo Roberto de Almeida do comando do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais.
No carnaval, Almeida foi exonerado depois de divulgar textos críticos à política externa e ao próprio ministro Ernesto Araújo. O diplomata disse que Olavo estava por trás de sua demissão. O escritor, porém, negou.