Brasil

Após relatório da PF, PGR terá 5 dias para denunciar Temer

Esta poderá ser a segunda denúncia da PGR, que nesta segunda-feira já acusou Temer e Rodrigo Rocha Loures do crime de corrupção passiva

Denúncia: como o prazo termina no fim de semana, será prorrogado até o fim da segunda-feira, dia 3 de julho (Ueslei Marcelino/Reuters)

Denúncia: como o prazo termina no fim de semana, será prorrogado até o fim da segunda-feira, dia 3 de julho (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de junho de 2017 às 06h37.

Brasília - Depois de ter recebido o relatório final da Polícia Federal no inquérito contra o presidente Michel Temer, a Procuradoria-Geral da República (PGR) terá mais cinco dias, a partir desta terça-feira, para apresentar denúncia pelo crime de obstrução à investigação de organização criminosa.

Esta poderá ser a segunda denúncia da PGR, que nesta segunda-feira já acusou Temer e Rodrigo Rocha Loures, o ex-assessor especial do presidente, do crime de corrupção passiva. Como o prazo termina no fim de semana, será prorrogado até o fim da segunda-feira, dia 3 de julho.

No relatório encaminhado ao STF nesta segunda-feira, a PF afirmou que não só o presidente da República, como também o seu ex-ministro Geddel Vieira Lima e o empresário e delator Joesley Batista cometeram o crime de obstrução à investigação de organização criminosa.

Esta é a conclusão final da PF em relação ao inquérito aberto contra Temer e Loures, que já foram denunciados nesta segunda-feira pela PGR pelo recebimento de R$ 500 mil em propina da JBS.

A atribuição de conduta criminosa a Temer se dá, na visão da PF, "por embaraçar investigação de infração penal praticada por organização criminosa, na medida em que incentivou a manutenção de pagamentos ilegítimos a Eduardo Cunha, pelo empresário Joesley Batista, ao tempo em que deixou de comunicar autoridades competentes de suposta corrupção de membros da Magistratura Federal e do Ministério Público Federal que lhe fora narrada pela mesmo empresário".

A pena para este crime é reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.

Geddel Vieira Lima também foi apontado como tendo praticado o crime de obstrução à investigação, porque "manifestou interesse na manutenção de pagamentos a Funaro", segundo a PF. Quanto a Joesley Batista, a PF afirmou que ele agiu de forma a "embaraçar investigação de infração penal que envolva organização criminosa ao manter pagamentos ilegítimos a Eduardo Cunha e a Lúcio Funaro, enquanto presos, a pretexto de mantê-los em silêncio ou de não se ver envolvido em eventuais revelações de fatos comprometedores a si próprio e ao grupo empresarial que comandava".

Inclusão

Em relação ao crime de participação em organização criminosa, a PF recomendou que os fatos sejam incluídos nos autos de um inquérito que já existe no Supremo Tribunal Federal para apurar a suposta organização criminosa composta por deputados federais do PMDB - o inquérito do "Quadrilhão" do PMDB da Câmara, como ficou conhecida essa investigação.

Assim, é provável que a PGR não venha a oferecer denúncia em relação a este tema, mas, no máximo, peça a inclusão de Michel Temer como investigado neste inquérito. Essa possibilidade depende de a PGR entender que o fato tem conexão com o exercício do mandato de presidente.

A PGR já havia decidido não incluir Temer como investigado em outros inquéritos nos quais era citado, sob alegação haver menções a crimes cometidos antes do mandato e que, assim, na leitura que Janot faz da Constituição, o presidente não deveria ser investigado.

Acompanhe tudo sobre:Crise políticaDelação premiadaJBSMichel Temer

Mais de Brasil

Donald Trump mira e a 25 de Março reage: como comerciantes avaliam investigação dos EUA

Bolsonaro será preso? Entenda os próximos passos do processo no STF

Eduardo Bolsonaro celebra decisão do governo Trump de proibir entrada de Moraes nos EUA

Operação da PF contra Bolsonaro traz preocupação sobre negociação entre Brasil e EUA, diz pesquisa