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Após morte, arena de Manaus deve ser aberta em abril

Trabalhadores informaram que não irão operar até que todo complexo esteja liberado em segurança

Operários são vistos na parte de cima da estrutura do Estádio Arena Amazônia, um dos estádios da Copa do Mundo de 2014, em Manaus (Gary Hershorn/Reuters)

Operários são vistos na parte de cima da estrutura do Estádio Arena Amazônia, um dos estádios da Copa do Mundo de 2014, em Manaus (Gary Hershorn/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2013 às 19h28.

Manaus - Na manhã desta segunda-feira, representantes da empresa Andrade Gutierrez S/A, Ministério Público do Estado e o presidente do Sindicato da Construção Civil e Montagem do Estado do Amazonas (Sintracomec), Cícero Custódio, vistoriaram a Arena da Amazônia, em Manaus, após morte de um trabalhador na madrugada do último sábado. A obra de montagem da estrutura da coberta está embargada, as obras no térreo estão liberadas, mas os trabalhadores informaram que não irão operar até que todo complexo esteja liberado em segurança.

"É uma irresponsabilidade o que a Andrade Gutierrez tem feito com o trabalhador no Amazonas. Têm um prazo de entrega e querem a todo custo entregar o estádio no final deste ano, o mais tardar em janeiro de 2014", disse o sindicalista Cícero Custódio.

Segundo ele, há trabalhadores fazendo mais horas extras do que as oito horas de trabalho e no caso da morte do trabalhador de 22 anos no último sábado, Marcleudo de Melo Ferreira, é absurdo se ter turnos de montagem de madrugada. "Há dois turnos de montagem em altura, das lonas que imitam o casco de uma tartaruga, durante a madrugada. Nunca vi isso", declarou. Um outro trabalhador havia morrido em uma queda de cinco metros, no último mês de março, nas obras do estádio. Sua morte foi causada por um traumatismo craniano.

Cícero acrescenta que se o trabalhador que veio a óbito estivesse seguro com um cabo de aço certamente, não teria morrido. "As empresas contratam sem saber se os trabalhadores são especialistas na função que vão desenvolver e, para piorar, não fiscalizam e nem orientam seus colaboradores". Os peritos e representantes do MPE não quiseram falar com a imprensa.

Em nota, a empresa Andrade Gutierrez, responsável pelas obras e por contratar as empresas terceirizadas, incluindo a L&A, para a qual Marcleudo trabalhava, disse que "a Construtora Andrade Gutierrez S/A salienta que este Sindicato (Sintracomec) não representa a categoria dos trabalhadores da obra Arena da Amazônia". Informou ainda que cumpre as decisões judiciais e colabora com a Justiça e órgãos públicos de fiscalização e controle, disponibilizando registros e documentos relativos aos serviços executados nas nossas obras.

A empresa reafirmou o compromisso com a segurança dos seus colaboradores e realiza ações de conscientização comportamental dos trabalhadores, de forma a não permitir a ocorrência de novos acidentes.

Trabalhadores da Arena da Amazônia disseram nesta segunda que falta equipamentos de segurança, técnicos de segurança, que o pagamento de dezembro está uma semana atrasado, que a alimentação é ruim e que, apesar de amarem futebol, têm sido difícil trabalhar na construção do estádio em Manaus.

O governador do Estado, Omar Aziz, afirmou que não está preocupado com a data que a Arena da Amazônia será entregue ou inaugurada, mas sim com as vidas que estão trabalhando para a conclusão da obra. "Só porque nós temos prazos, não podemos arriscar a vida de ninguém. Se eu não entregar o estádio no dia 20 de dezembro, entrega dia 30 ou dia 10 de janeiro, ou fevereiro. Os prazos que eu tenho com a Fifa estão estabelecidos. Ela só assume (a Arena) dia 1.º de abril", disse.

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