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Após esperar 1h30, Doria pede que papa reconsidere visita

Prefeito aproveitou o momento para entregar a Francisco uma cópia do livro "Genesis", de Sebastião Salgado, ressaltando a importância do fotógrafo

João Doria: prefeito descreveu o encontro com o papa como emocionante (Nacho Doce/Reuters)

João Doria: prefeito descreveu o encontro com o papa como emocionante (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2017 às 09h37.

Última atualização em 19 de abril de 2017 às 15h39.

O prefeito de São Paulo, João Doria, reuniu-se nesta quarta-feira (19) com o papa Francisco, no Vaticano, e pediu para o líder católico rever sua decisão e viajar ao Brasil para participar das celebrações dos 300 anos da padroeira Nossa Senhora Aparecida, em outubro.

Doria cumprimentou Jorge Mario Bergoglio durante a semanal audiência geral na Praça São Pedro e um dia após ter sido revelada uma carta do Vaticano ao presidente Michel Temer na qual o Papa recusava o convite de visitar o país, alegando "agenda lotada".

"Ofereci a camisa da seleção brasileira assinada por todos os jogadores ao Santo Padre e disse que gostaria de pedir, em nome do povo brasileiro, que ele revisasse sua decisão de não ir ao Brasil em outubro", contou Doria à imprensa após o encontro.

"Ele respondeu que sabia da importância do evento, mas que era 'difícil'. Eu rebati que 'difícil não é impossível', pois são 130 milhões de católicos no Brasil que vão saudá-lo", disse o prefeito de São Paulo. "O Papa respondeu sorrindo: 'vamos ver, mas o Brasil terá sempre minhas bênçãos'".

Apesar do clima cordial do breve encontro entre Doria e Francisco, o prefeito confessou discordar da decisão do líder católico de não participar das celebrações em outubro. "Não quero fazer juízo, nem me cabe, porém acho que não houve uma orientação adequada ao Santo Padre de não estar presente em uma data tão importante como essa. Mas quem sou eu para julgar o Papa?", confessou o tucano.

"Humildade é algo que não falta a um Papa, especialmente ao papa Francisco. Voltar atrás é prova de grandeza e eu espero que ele possa revisar essa decisão, independentemente de seguir por Argentina, Uruguai, Colômbia", completou.

Na carta do Papa a Temer, que é uma resposta a um convite enviado no fim de 2016 pelo governo brasileiro, Francisco disse que não poderia visitar o país neste ano devido à sua intensa agenda de compromissos. Para 2017, ele já tem viagens marcadas para o Egito, Portugal, Colômbia, Índia, Bangladesh e ao continente africano.

Ele estará na Colômbia em setembro, acolhendo um pedido do presidente Juan Manuel Santos e para celebrar o acordo de paz com o grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o que facilitaria expandir seu giro pela América Latina e incluir o Brasil, país com maior número de católicos no mundo.

No entanto, Francisco já esteve no Rio de Janeiro em 2013. Foi sua primeira viagem internacional como Papa e ele participou da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

O prefeito de São Paulo se reuniu com Bergoglio ao lado de sua esposa, a primeira-dama Bia Doria, e sua filha Carolina antes de seguir viagem para Lisboa, em Portugal.

Em entrevista à ANSA, Doria contou que a Prefeitura fechou uma série de parcerias com empresas italianas e instituições de Roma para recuperar monumentos na cidade de São Paulo.

"Essas parcerias serão reveladas publicamente muito em breve, após a formalização delas com as empresas italianas, sempre com orientação da embaixada da Itália em Brasília, e do consulado italiano em São Paulo", disse. "Tenho como objetivo valorizar São Paulo como a cidade do mundo, é a maior capital internacional da América Latina e não seria diferente em relação à comunidade italiana", acrescentou Doria.

"São Paulo é a maior cidade de concentração italiana fora da Itália. O sentimento de São Paulo é também o sentimento italiano", ressaltou o prefeito, que tem origem genovesa.

Em Roma, Doria também comparou a Operação Mãos Limpas, a maior investigação contra a corrupção na Itália e ocorrida nos anos 1990, com a Lava Jato, admitindo que o Brasil vive um momento parecido com o que o país europeu atravessou no passado.

"Eu diria que Lava Jato é muito maior, mais ampla, do que foi a Mãos Limpas. Embora o juiz Sergio Moro já indicou que a leitura dos processos, dos livros, do histórico da Operação Mãos Limpas o inspirou bastante, as circunstâncias são distintas, os tempos são outros, e acredito firmemente que a Operação Lava Jato ajuda a passar o Brasil a limpo e ajudará o país a ser melhor".

 

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