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Representantes da indústria de Santa Catarina se encontram com o vice-presidente Geraldo Alckmin para tratar das tarifas dos EUA ao Brasil (Júlio César Silva/MDIC/Divulgação)
Editor da Região Sul
Publicado em 16 de julho de 2025 às 20h39.
Última atualização em 16 de julho de 2025 às 22h07.
O presidente da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, liderou na tarde desta quarta-feira, 16, comitiva de industriais do setor metalmecânico em reunião com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e com a secretária de comércio exterior, Tatiana Prazeres.
No encontro alinharam três frentes para tentar reverter os impactos das tarifas de 50% a produtos brasileiros anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump.
A base da estratégia tem como premissa a intensificação do diálogo, já que, na prática, restam apenas nove dias úteis para que a alíquota de 50% entre em vigor. “Estamos numa corrida contra o relógio para mitigar as consequências desta medida”, disse Aguiar em conversa com a EXAME.
A primeira ação será propor um prazo de 90 dias de extensão antes que o tarifaço seja aplicado. A segunda é que não será adotada nenhuma retaliação pelo setor produtivo brasileiro aos importadores norte-americanos. E, por fim, a intensificação das conversas diretas entre empresários brasileiros e seus pares nos EUA, para que eles também pressionem o governo Trump a rever o tarifaço.
“Retaliar seria o pior encaminhamento, pois ampliaria os prejuízos para a indústria brasileira. Além de tentar reduzir as tarifas, precisamos buscar alternativas como a prorrogação do prazo de início da aplicação, para que as empresas tenham fôlego para se reorganizar e buscar novos mercados”, afirmou Aguiar.
No entendimento do presidente da Fiesc, dificilmente as tarifas retornarão aos patamares anteriores, mas é preciso negociar para chegar a um nível que permita manter a relevância daquele mercado para as exportações catarinenses e brasileira.
Santa Catarina exportou US$ 1,7 bilhão para os Estados Unidos em 2024, equivalente a 15% da produção catarinense destinada ao mercado exterior.
A agroindústria, com carne de frango e suína, representa cerca de 40% deste total, mas há também setores de alto valor agregado como equipamentos elétricos, de transporte e motores.
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Para Aguiar, empresas que atuam como players no mercado mundial, mesmo que impactadas, terão fôlego para remanejar sua produção a unidades fabris em outros países.
No entanto, segmentos como o de móveis e madeira devem ser atingidos em breve, pois são, em grande parte, empresas de médio ou até pequeno porte. Nos bastidores, comenta-se que alguns embarques de contêineres com móveis já foram cancelados, porque os compradores norte-americanos alegaram que não teriam como repassar este aumento de 50%.
Na última segunda-feira, 14, a Câmara de Comércio Exterior da Fiesc realizou uma reunião emergencial com industriais exportadores de Santa Catarina para esclarecer o que já se sabe sobre os impactos da tarifa anunciada de 50% pelo governo norte-americano.
A presidente da Câmara, Maria Teresa Bustamante, explicou que, embora se tenha conhecimento sobre a intenção de Trump de taxar produtos brasileiros, ainda não foram publicadas informações oficiais pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
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A previsão é que o governo dos EUA publique nos próximos dias as informações mais detalhadas sobre a incidência da alíquota e os respectivos setores. O consenso entre empresários, neste momento, é que todo o minuto em busca de uma solução deve ser aproveitado, antes que seja tarde.