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Após detectar variante de covid, Araraquara faz lockdown sob multa de até R$ 6 mil

Três cidades do interior de São Paulo já confirmaram a circulação de variantes do novo coronavírus

O comércio essencial só pode abrir até as 20 horas e atender com o uso de senhas (Sturm/Wikimedia Commons)

O comércio essencial só pode abrir até as 20 horas e atender com o uso de senhas (Sturm/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de fevereiro de 2021 às 11h16.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2021 às 11h32.

Três cidades do interior de São Paulo já confirmaram a circulação de variantes do novo coronavírus e estão adotando medidas mais drásticas para conter a disseminação. Em Araraquara norte do Estado, a prefeitura decretou lockdown por 15 dias, depois de detectar duas variantes do vírus - a de Manaus e a do Reino Unido - em 11 pacientes. Já a prefeitura de Jaú, região central do estado, confirmou a mesma variante de Manaus em amostras de três pacientes com a covid-19. Um caso da variante também foi registrado em Águas de Lindoia.

Decreto da prefeitura de Araraquara restringe a circulação de carros, bicicletas e pessoas pela cidade de 283 mil habitantes a partir desta segunda-feira, 15. O deslocamento só é permitido para acesso a serviços essenciais ou em caso de necessidade comprovada. Igrejas, templos, clubes recreativos e desportivos estão proibidos de abrir as portas nesses 15 dias.

O comércio essencial só pode abrir até as 20 horas e atender com o uso de senhas. Postos de combustível fecham a partir das 19 horas. Os infratores ficam sujeitos a multas que variam de R$ 120 a R$ 6 mil reais.

Devido ao aumento de casos de covid-19, a prefeitura estendeu o horário de atendimento em seis unidades de saúde, que fechavam às 17h, para até as 20 horas. "Araraquara vive o pior momento da pandemia. Mutações do coronavírus foram identificadas em nosso município. O alerta é de grau máximo", disse o prefeito Edinho Silva (PT).

As variantes britânica e brasileira do coronavírus foram identificadas em 11 das 16 amostras enviadas ao Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, vinculado à Universidade de São Paulo (USP). Os exames foram encaminhados ao Instituto Adolfo Lutz para confirmação. O prefeito já informou o achado ao Centro de Contingência da Covid-19 do governo de São Paulo.

Segundo ele, a investigação foi motivada pelo aumento da transmissão do vírus nas últimas semanas e a mudança no perfil dos internados, que são mais jovens. "Pelo histórico da pandemia desde março de 2020, nós estranhamos a velocidade das contaminações e a agressividade do vírus, a forma como os pacientes evoluíam. Sabemos que houve um relaxamento do distanciamento social, muita gente viajou, muitas festas familiares no fim do ano. Tudo isso ajudou no processo de contaminação, mas a doença apresentava uma característica diferente", disse o prefeito.

Nos 12 primeiros dias de fevereiro, a cidade teve o maior número diário de mortes pela covid-19 desde o início da pandemia. O maior registro aconteceu na sexta-feira, 12, com seis óbitos em 24 horas. Também houve recorde de casos (123,5 em média por dia) e em número de pacientes internados (184). No sábado, 13, houve mais duas mortes e 201 casos. Neste domingo, 14, foram 167 casos e três mortes. A cidade atingiu 100% de ocupação de leitos de enfermaria e 96% em UTI. Araraquara soma 12.127 casos e 146 mortes pelo coronavírus.

Variantes preocupam outras cidades

Em Jaú, a prefeitura confirmou neste sábado, 13, a nova variante do coronavírus em amostras colhidas e analisadas pelo Adolfo Lutz, na capital. Das cinco amostras analisadas, três tiveram resultado positivo para a mutação chamada de P.1 detectada inicialmente em Manaus. O prefeito Ivan Cassaro (PSD) usou as redes sociais para fazer um alerta à população. "Venho aqui com muita preocupação e tristeza anunciar que, infelizmente, nossa cidade está passando o vírus que contagiou Manaus. Peço a população para ter cuidado triplicado. É um momento difícil para nós", disse.

Segundo ele, houve a suspeita porque a doença passou a ter um curso mais rápido, mais virulento e com mortes de pessoas que estavam fora do grupo de risco. A prefeitura já estuda um endurecimento nas regras de isolamento social. A cidade de 152 mil moradores registra 7.242 casos positivos e 231 mortes pela covid.

A prefeitura de Águas de Lindoia, na região de Campinas, confirmou na sexta-feira, 12, que uma moradora de 61 anos testou positivo para a nova variante do vírus causador da covid-19. Ela havia hospedado um visitante de Manaus, que apresentou sintomas da doença após chegar ao município paulista.

A paciente cumpriu isolamento domiciliar e já se recuperou. O viajante de Manaus foi atendido em um hospital particular de Mogi Guaçu, mas teve o quadro agravado e morreu. A prefeitura informou que a vigilância sanitária seguiu todos os protocolos de saúde para a condução do caso e que as recomendações para a prevenção da doença foram reforçadas.

O secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Marco Vinholi, disse que os técnicos da pasta da Saúde acompanham e monitoram o surgimento de mutações do vírus no interior. O comitê de contingência estadual se reúne na manhã desta segunda-feira, 15, para discutir os rumos da pandemia e estratégias para conter a disseminação das novas variantes.

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