Brasil

Após derrubar veto de Bolsonaro, Congresso instaura CPI das Fake News

A comissão terá até 180 dias para investigar a criação de perfis e notícias fraudulentas criadas para influenciar o resultado das eleições de 2018

Bolsonaro: a lei aprovado pelos parlamentares alterou o Código Eleitoral, definindo o crime de “denunciação caluniosa com finalidade eleitoral” (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro: a lei aprovado pelos parlamentares alterou o Código Eleitoral, definindo o crime de “denunciação caluniosa com finalidade eleitoral” (Adriano Machado/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 06h22.

Última atualização em 2 de setembro de 2019 às 06h52.

São Paulo — Contrariando a vontade do governo e especialmente do presidente Jair Bolsonaro, a primeira semana de setembro começa marcando o início dos trabalhos na chamada “CPI das Fake News”.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse esperar que o presidente e o relator que comandarão a comissão mista parlamentar de inquérito (CPMI) sejam escolhidos ainda nos primeiros dias da semana. 

O colegiado que contará com 15 deputados e 15 senadores terá a tarefa de investigar a criação de perfis e notícias fraudulentas criadas para influenciar o resultado das eleições de 2018.

Ataques cibernéticos contra o debate público e ciberbullying contra autoridades e cidadãos vulneráveis também entrarão na pauta da comissão que terá um prazo de até 180 dias para apresentar um parecer. 

Tudo acontece após o Congresso Nacional derrubar, na última quarta-feira, o veto do presidente Jair Bolsonaro à criminalização da divulgação de notícias falsas. A lei aprovada pelos parlamentares alterou o Código Eleitoral, definindo o crime de “denunciação caluniosa com finalidade eleitoral”.

Com as novas regras, a pena para quem divulgar notícias falsas com objetivo eleitoral é de dois a oito anos de reclusão. Pessoas que compartilharem notícias falsas tendo conhecimento da inocência do atingido ou com finalidade eleitoral também estarão sujeitas à mesma pena de quem fabricar as fake news. 

Parlamentares estão divididos.  Enquanto defensores da punição mais dura acreditam que a medida é importante para reduzir o impacto da desinformação nos processos eleitorais no país, críticos manifestam preocupação com a desproporcionalidade da pena.

Pesquisadores e organizações consideram o combate às fake news necessário, mas alguns dizem que a medida aprovada pelo Congresso pode ser um tiro no pé.

Um problema seria a falta de clareza no texto ao indicar que o ilícito seria caracterizado apenas se a pessoa soubesse ser inocente o candidato sobre o qual divulgou informação falsa.

O relator para a liberdade de expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA), Edison Lanza, manifestou em seu Twitter preocupação. “Criminalizar uma figura vaga ameaça mais as comunicações e candidatos do que um inimigo difuso”, afirmou. 

Em meio ao debate público, tanto o Congresso quanto especialistas convergem em um ponto: a investigação e punição de propagadores de notícias fraudadas. A ver até onde vai a CPI. 

Acompanhe tudo sobre:CongressoExame HojeFake newsGoverno BolsonaroJair Bolsonaro

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas