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Após denúncia, Temer está nas mãos da base – ela vai segurá-lo?

Temer precisa de apenas 172 votos na Câmara para barrar avanço de denúncia no STF

Presidente Michel Temer rodeado por aliados ao fazer pronunciamento pós-denúncia: eles vão mantê-lo no poder? (Beto Barata/PR/Flickr)

Presidente Michel Temer rodeado por aliados ao fazer pronunciamento pós-denúncia: eles vão mantê-lo no poder? (Beto Barata/PR/Flickr)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 27 de junho de 2017 às 17h12.

Última atualização em 27 de junho de 2017 às 17h56.

São Paulo - Em um ano e quase dois meses à frente do Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer  (PMDB) sempre teve a coesão (e satisfação) de sua base aliada no topo de sua lista de estratégias prioritárias. A princípio, o esforço tinha como foco a aprovação de medidas econômicas impopulares. Agora, essa articulação será fundamental para garantir a permanência do peemedebista no poder.

Com a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente, a resolução da crise política volta para o colo do Congresso. Lá, é necessário que dois terços da Câmara dos Deputados aprove o oferecimento da denúncia para que ela avance para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Isso significa que, na prática, Temer precisa de apenas 172 deputados para barrar o processo. Na teoria, sua base comporta hoje 311 deputados – ou seja, mais do que o necessário para rejeitar a denúncia de Janot contra Temer.

“Se não houver nenhum fato novo, ele deve conseguir [barrar]”, afirma Marcelo Issa, sócio da consultoria Pulso Público, “Mas a questão é que a ofensiva do Ministério Público também está bastante intensa”.

Para os próximos dias, a Procuradoria-Geral da República deve apresentar outras duas denúncias contra o presidente Temer. A persistência do apoio a ele vai depender do teor dessas acusações. Eventuais delações do operador Lúcio Funaro ou do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, denunciado junto com Temer, podem ser explosivas nesse sentido

Outros quatro fatores devem pesar nos cálculos dos deputados, segundo Marcelo Issa: a capacidade de Temer para arrefecer os efeitos da Lava Jato (e a eleição da PGR será um teste), a reação da opinião pública (ainda morna, pelo visto), além da própria articulação do presidente (que já liberou 1 bilhão de reais em emendas na crise) e o desempenho da economia (que dá sinais de recuperação).

Corre nos bastidores o relato, divulgado pela jornalista Andrea Sadi, da GloboNews, de que o presidente teria atrasado seu pronunciamento nesta terça-feira a espera de mais aliados para a plateia. Um grupo chegou e se postou ao lado de Temer enquanto ele discursava. Entre eles, segundo o jornal Folha de S. Paulo, estavam dois cotados para a relatoria da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara:  os deputados do PMDB, Jones Martins (RS) e Alceu Moreira (RS). 

“Para muitos parlamentares, enquanto há poucos incentivos hoje para apoiar o governo Temer abertamente, há ainda menos incentivos para tirá-lo do cargo”, afirma a consultoria Eurásia em nota divulgada ontem.  Com isso em mente, a consultoria mantém sua estimativa de que as chances do peemedebista permanecer no Planalto até o fim do mandato são de 70% (por enquanto).

A conferir as cenas dos próximos capítulos.

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