Brasil

Após críticas de Carlos, Jair Bolsonaro prestigia general Augusto Heleno

Filho do presidente criticou indiretamente o chefe do Gabinete de Segurança Institucional ao atacar comando e atuação do órgão em uma rede social

Bolsonaro: presidente não quis comentar declarações do filho (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Bolsonaro: presidente não quis comentar declarações do filho (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de julho de 2019 às 15h37.

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro conversou com jornalistas nesta terça-feira, 2, ao lado do ministro do GSI, o general Augusto Heleno, em uma sinalização de que não há mal-estar com um de seus principais aliados após críticas feitas por um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro, à atuação da pasta no episódio da prisão de um sargento com cocaína na Espanha.

Bolsonaro, no entanto, não quis comentar as declarações de Carlos. Ao ser indagado sobre os comentários do filho, o presidente encerrou a conversa com a imprensa após menos de 3 minutos de duração. Em seguida, jornalistas perguntaram se o próprio Heleno falaria sobre o assunto. "Eu não", reagiu o ministro enquanto deixava o local.

Depois, ao chegar no Ministério da Defesa para um almoço, Bolsonaro também disse que não falaria sobre a publicação de Carlos. "Não, não, não. Pergunta pra ele", disse.

Na segunda-feira, 1, Carlos criou novo conflito com a ala militar do governo ao criticar a atuação do GSI. Em uma rede social, o parlamentar respondeu a uma publicação sobre a prisão de um militar da Aeronáutica com 39 kg de cocaína na Espanha, na semana passada. "Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente oferecidos pelo GSI?", questionou Carlos. Sem citar diretamente o nome de Augusto Heleno, o vereador afirmou que a grande maioria dos integrantes do Gabinete de Segurança até pode ser bem intencionada, mas eles "estão subordinados a algo que não acredita".

O encontro com Heleno foi seguido de um almoço no Ministério da Defesa. Além Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa, e Heleno, estiveram presentes representantes das Três Forças - Exército, Marinha e Aeronáutica.

Ao deixar o local, Jair Bolsonaro confirmou que eles conversaram sobre o sargento da Aeronáutica preso com 39 quilos de cocaína em Sevilla, na semana passada, e que as investigações estão em andamento. O militar fazia parte da comitiva de apoio presidencial que viajava a Osaka, no Japão, para o encontro G-20. Segundo o presidente, uma equipe da Aeronáutica vai até a Espanha interrogar o militar que foi preso. "Todos nós achamos que não é a primeira vez que esse militar mexeu com drogas", avaliou.

Apoio de Eduardo

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do meio do presidente Jair Bolsonaro, saiu em defesa do irmão Carlos. "Ele não falou que desconfia do general Heleno", minimizou Eduardo Bolsonaro.

Para Eduardo, as críticas foram "normais". "O Carlos só expressou uma desconfiança dele, pessoal e, mesmo assim, fazendo uma ressalva dizendo que a maioria dos funcionários, das pessoas que trabalham dentro do GSI ou fora, são pessoas que fazem um bom trabalho. Ele comentou em cima de um vídeo de uma jornalista desconfiada de alguns membros de forças armadas e etc. O recado que essa jornalista passou no vídeo é que não existe categoria 100% confiável. E ela está certa. Nem 100% dos políticos são honestos, 100% de qualquer categoria está acima do bem e do mal", afirmou o deputado.

Ontem, o governo tentou minimizar a fala de Carlos. O porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, afirmou a jornalistas em entrevista coletiva que o GSI possui qualificação "bastante extremada" e que seus recursos humanos "são preparados da melhor forma possível para promover segurança".

Acompanhe tudo sobre:Carlos BolsonaroGeneral Augusto HelenoJair Bolsonaro

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP