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Após apagão, Enel culpa erro de meteorologia e descarta aumentar equipes

Presidente da empresa avalia que eventos climáticos de mesma magnitude ou ainda mais fortes deverão se tornar mais comuns

Max Lins, presidente da Enel Distribuição São Paulo (Guilherme Guilherme/Exame)

Max Lins, presidente da Enel Distribuição São Paulo (Guilherme Guilherme/Exame)

Publicado em 8 de novembro de 2023 às 13h05.

Última atualização em 9 de novembro de 2023 às 08h02.

O presidente da Enel Distribuição de São Paulo, Max Xavier Lins, culpabilizou "erros grosseiros" de institutos de meteorologia pela magnitude dos danos causados pela falta de energia em São Paulo. A chuva de sexta-feira, 3, deixou 2,1 milhões de unidades sem fornecimento de energia.

Até a manhã desta quarta-feira, 8, 11.000 ainda estavam sem luz, segundo a Enel. As áreas em que a energia ainda não voltou, afirmou Lins, são de maior complexidade técnica, de menor tensão.

"Estava prevista uma chuva com ventos de 55 km/h, mas os ventos chegaram a 105 km/h na sexta-feira. Foi um evento com impacto destruidor sobre a rede elétrica", afirmou Lins em entrevista coletiva nesta quarta.

Cerca de 300 equipes de manutenção estavam a postas para atender os eventuais danos causados pela chuva. Mas, diante da surpresa, a empresa afirmou ter triplicado, ainda na sexta, o número de equipes de manutenção para 900.

O presidente da Enel disse que, em 24 horas, a empresa reduziu pela metade o número de unidades sem energia na área atendida. Os critérios utilizados foram emergência e densidade populacional.

Na segunda-feira, 6, chegaram mais 300 equipes de outras áreas de concessão da empresa para atuar de forma excepcional na região, totalizando um efetivo de 1.200 equipes.

Maior frequência de eventos climáticos

De acordo com o próprio presidente da Enel, eventos como esses ou ainda mais fortes deverão se tornar mais comuns diante das mudanças climáticas. Lins, no entanto, descartou a possibilidade de aumentar sua equipe de manutenção.

"Ninguém dimensiona a rodovia para um domingo de volta de feriado. Causaria uma ociosidade enorme que não caberia no preço do pedágio", comparou.

Lins ainda afirmou que eventos climáticos como esse podem voltar a acontecer em breve. "Não vamos manter as 1.200 equipes mobilizadas, mas manteremos em estado de alerta. Também estamos conversando com institutos de meteorologia para entendermos os motivos da falha de previsão. Nunca haviam falhado. Mas, dessa vez, a falha foi grosseira", afirmou.

Diante da expectativa de maior incidência desse tipo de evento, Max Lins reforçou que é preciso tornar mais "resiliente" a rede de energia da cidade. Uma das principais soluções apontadas pelo presidente da Enel foi a maior atenção às árvores da cidade, que, quando caem sobre os fios elétricos, provocam falta de energia.

Das mais de 2 milhões de ocorrências registradas na sexta-feira, 95% foram causadas pela vegetação, afirmou a Enel. Uma outra solução estudada pela Enel é o enterramento da rede elétrica. O problema, afirmou Lins, é o alto custo para isso. A rede subterrânea, afirmou, é 10 vezes mais cara que a aérea. Ainda assim, não seria imune a falhas. "Não existem sistemas infalíveis. Até um foguete da Nasa pode falar. Mas existem níveis de confiabilidade, e o do subterrâneo é maior."

Enel avalia ressarcimento

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) prevê a possibilidade de clientes da Enel pedirem ressarcimento por eventuais aparelhos elétricos que tenham sido atingidos pela instabilidade do fornecimento de energia e pelo período em que ficou sem luz, segundo Lins. Esse valor, disse, será abatido das faturas dos meses seguintes.

Segundo ele, no entanto, não está previsto o ressarcimento de eventuais consequências causadas pela falta de energia, como de remédios e alimentos que estragaram pela falta de refrigeração. Lins, contudo, afirmou que está avaliado junto aos entes federativos a possibilidade de haver ressarcimento, de forma "excepcionalíssima", de eventuais perdas, especialmente para a população de baixa renda. 

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