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Após ameaças, TJ-RJ adotará "juiz sem rosto" para julgar milícia e tráfico

O Tribunal de Justiça do Estado do Rio criará uma Vara Criminal com três juízes que inicialmente vão receber 400 processos

Rio de Janeiro: atualmente 15 juízes contam com escolta policial 24 horas (Alan Lima/Reuters)

Rio de Janeiro: atualmente 15 juízes contam com escolta policial 24 horas (Alan Lima/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de maio de 2019 às 10h54.

Última atualização em 21 de maio de 2019 às 10h54.

As frequentes ameaças anônimas recebidas pelos juízes de direito do Estado do Rio de Janeiro levaram o Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJ-RJ) a decidir criar uma Vara Criminal especializada em casos que envolvam o crime organizado.

Essa Vara vai funcionar no Fórum Central do Rio, no centro da cidade, deve começar a funcionar em junho, vai ter três juízes e deve receber inicialmente 400 processos. "São crimes que envolvem organizações criminosas, corrupção, lavagem de dinheiro, milícia privada e tráfico de drogas", afirmou o presidente do TJ-RJ, desembargador Claudio de Mello Tavares.

O presidente do TJ disse que 15 juízes que atuam na zona oeste, como Jacarepaguá, Santa Cruz e Seropédica - historicamente dominada por milícias - estão tendo escolta policial 24 horas. Além deles, mais sete, por trabalharem em varas de execução penal, por exemplo, também têm direito à escolta.

"A minha preocupação é com a proteção do magistrado. Os juízes realmente estão sendo ameaçados. Uma das preocupações da presidência do Tribunal é com a integridade física deles. Eles ligam, demonstram preocupação. São filhos que são ameaçados, é esposa que é ameaçada. Os magistrados pediram socorro à presidência, então vamos criar essa vara para garantir a integridade dos magistrados e dar uma resposta rápida ao crime organizado", disse Tavares.

Para a nova vara ser criada, falta a aprovação, por maioria, dos integrantes do Órgão Especial do TJ, composto por 25 desembargadores. "Eu tenho certeza que isso vai ser aprovado imediatamente, porque é uma maneira de resgatar a dignidade do magistrado e trazer segurança à família deles e à própria sociedade", disse Tavares. Dez servidores trabalharão na vara especializada.

Por isso, processos em que figurem como réus integrantes de milícias ou facções criminosas passarão a tramitar nessa vara especializada, no fórum central, que tem uma estrutura mais adequada para oferecer segurança aos juízes.

"Vamos criar uma vara especializada, a fim de que juízes que estejam sofrendo ameças em alguns lugares, como Santa Cruz e Seropédica, para que esses processos passem a ficar no foro central. Além de trazer proteção aos magistrados que lá atuam, vai evitar fugas de presos e invasão de foros. Essa vara só vai julgar esse tipo de crime, o que vai trazer uma celeridade muito grande para a sociedade do Rio de Janeiro", disse Tavares.

Só poderão ser transferidos para essa vara processos em que ainda não tenha havido coleta de provas, como depoimentos das testemunhas. Após o início dessa etapa o processo não pode mais mudar de vara.

A vara terá três juízes: um titular, responsável por assinar as sentenças, e dois auxiliares, que poderão assinar os despachos durante o processo e serão escolhidos entre magistrados que se ofereçam para atuar nessa vara. Outros dez servidores vão trabalhar na nova vara. O projeto de criação está tramitando na comissão de legislação do TJ-RJ. Em seguida seguirá para votação no Órgão Especial do TJ-RJ, composto por 25 desembargadores. A medida terá de ser aprovada por pelo menos 13, o que o presidente do TJ-RJ considera bastante provável.

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