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Após aglomeração, casos de coronavírus voltam a subir no litoral de SP

Considerando o período de incubação do coronavírus, o aumento pode estar relacionado às lotações das praias no feriado de 7 de setembro

Especialista diz que a tendência de redução que o estado de São Paulo vive é instável (Fernanda Luz/AGIF/Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo)

Especialista diz que a tendência de redução que o estado de São Paulo vive é instável (Fernanda Luz/AGIF/Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de setembro de 2020 às 08h53.

Última atualização em 18 de setembro de 2020 às 11h19.

Os números do novo coronavírus interromperam a tendência de queda e voltaram a subir na última semana, na Baixada Santista, litoral do Estado de São Paulo. Considerando o período de incubação do vírus, o aumento pode estar relacionado às altas lotações das praias da região entre o último fim de semana de agosto e o feriadão de 7 de setembro. Especialista diz que a tendência de redução que o Estado já vive é instável, sujeita a possíveis aumentos de transmissão, por isso os cuidados devem ser mantidos. Já o governo estadual informou que os números na região indicam estabilidade na pandemia.

Os boletins das prefeituras mostram que a média diária de casos de covid-19, que era de 476 na semana de 5 a 11 de agosto, foi baixando semana a semana, até chegar à média diária de 149 na semana do dia 2 ao dia 8 de setembro. Já na semana de 9 a 15 de setembro, a média diária subiu para 196.

A média diária de mortes teve comportamento semelhante. Era de 13 mortes por dia na semana de 5 a 11 de agosto e caiu gradativamente, até fechar a semana de 2 a 8 de setembro com média de 5 mortes diárias. Na semana seguinte, no entanto, o número subiu para uma média diária de 8 mortes. Os números mais recentes indicam que a tendência de alta pode continuar. Só nesta quinta-feira, 17, em apenas três cidades que atualizaram boletins - Santos, Guarujá e Cubatão - foram registrados cinco óbitos pela covid-19.

No total, a Baixada Santista chegou a 52,3 mil casos confirmados e 1.892 mortes pelo novo coronavírus. Apenas Santos tem 19.089 casos e 597 óbitos, seguido por Guarujá (7.910 casos e 372 óbitos), Praia Grande (7.869 casos e 225 mortes) e São Vicente (6.158 casos e 387 mortes). Nesta quinta-feira, o Estado de São Paulo registrava 916.821 casos positivos e 33.472 mortes pelo vírus.

Mais carros

O aumento no fluxo de turistas para a Baixada Santista e outras cidades do litoral paulista acontece desde o fim de agosto, quando foi ampliada a reabertura do comércio e ficou mais difícil controlar o acesso às praias. No fim de semana de 29 e 30 de agosto, o primeiro da retomada, imagens mostraram faixas de areia lotadas. No feriado da Independência, mesmo com a pandemia, o fluxo de turistas foi maior que em 2019.

No último fim de semana, 2,5 milhões de veículos utilizaram as rodovias estaduais com destino ao Interior e ao litoral paulista segundo dados da Secretaria de Logística e Transportes do Estado. O número de carros foi 1,63% maior que o do último fim de semana de agosto, até então o mais movimentado desde o início da pandemia. Em rodovias de acesso às praias do litoral norte, o movimento aumentou entre 6,9% e 7,8%. Já no Sistema Anchieta-Imigrantes, de acesso à Baixada Santista, o aumento foi de 1,94%.

Para o médico infectologista Carlos Magno Fortaleza, ainda não é possível afirmar com certeza se a oscilação para cima nos casos de covid-19 na Baixada tem a ver com a lotação das praias. “É importante dizer que o platô com tendência de redução nos casos e óbitos que a gente vê no Estado como um todo é uma tendência geral que resulta de pequenas tendências. Em longo prazo haverá uma redução visível.”

Segundo ele, a tendência de redução da pandemia tem um equilíbrio instável, sujeito a grandes variações com possíveis aumentos de transmissão. “Esses aumentos podem estar associados a mais pessoas nas praias, mas também à abertura de bares e restaurantes e com um pouco menos de cuidados. Esses refluxos com aumentos foram vistos na Europa e nos Estados Unidos. Na Europa chegou quase a configurar como uma segunda onda. Por essa razão é que não dá para baixar a guarda. A possibilidade de, em caso de maior exposição, aumentar o número de casos, é real”, disse.

'É cedo', diz secretário

O secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi disse que, levando em conta o período médio de incubação e o aparecimento dos primeiros sintomas, é muito cedo para verificar qualquer alteração da pandemia correlacionada ao movimento das praias durante o feriado da Independência. “Ainda se compararmos a quantidade de casos e internações dos dias anteriores com os dias posteriores ao feriado, teremos números absolutamente estáveis na região”, disse. Segundo ele, o Estado continua orientando o respeito às regras de isolamento social, a utilização de máscaras e a política de não aglomeração, assim como a fiscalização e orientação das prefeituras locais.

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