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Witzel lamenta morte de Ágatha, mas diz que política está no caminho certo

Governador se pronunciou três dias após menina ser baleada pelas costas; ele culpou consumidores de drogas e acusou oposição de usar caso como palanque

Witzel: governador quebrou silêncio de quase três dias após morte de Ágatha (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Witzel: governador quebrou silêncio de quase três dias após morte de Ágatha (Antonio Cruz/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2019 às 15h55.

Última atualização em 23 de setembro de 2019 às 17h55.

São Paulo — O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), se pronunciou publicamente quase três dias após a morte de Ágatha Félix, de oito anos, baleada pelas costas na comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, na última sexta-feira (20).

Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (23), o governador lamentou o ocorrido, mas afirmou que a política de segurança "está no caminho certo".

No Twitter, o governador criticou a oposição por usar a tragédia como palanque político, algo do qual ele já foi acusado diversas vezes.

Um dos momentos notórios da sua campanha foi no dia 30 de setembro, quando ele discursou em um palanque na cidade de Petrópolis enquanto os então candidatos Daniel Silveira e Rodrigo Amorim, do PSL, quebravam uma placa com o nome de Marielle Franco, vereadora assassinada em março de 2018.

Há cerca de um mês, Witzel desceu de um helicóptero comemorando a morte por forças do Estado de um sequestrador de um ônibus na Ponte Rio-Niterói.

Hoje, o governador também anunciou a criação de uma "secretaria de vitimização" e colocou a culpa da morte de Ágatha em consumidores de drogas recreativas.

Witzel afirmou que pediu celeridade nas investigações a secretários de polícia e disse que o estado está nas mãos do crime organizado.

"Tem sido difícil ver a dor das famílias que têm perdido seus entes queridos em razão da inescrupulosa ação do crime organizado, que vem atingindo o Rio de Janeiro não de hoje, mas de muitos anos", declarou o governador.

Witzel complementou, ainda, que é pai de uma criança de nove anos e que não pode dizer que sabe o tamanho da dor que os pais de Ágatha estão sentindo, "mas sei que jamais gostaria de passar por um momento como esse".

Ágatha estava em uma Kombi com o avô na noite de sexta-feira (20), quando foi atingida por um tiro de fuzil nas costas.

Familiares afirmam que a polícia fez o disparo na tentativa de acertar um motociclista. A Polícia Civil e o Ministério Público vão apurar se o tiro partiu da arma dos PMs.

Três policiais militares que participaram da ação chegaram à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) para prestar depoimento nesta tarde e não deram declaração.

Witzel afirmou que a morte de Ághata "foi um caso isolado" e voltou a defender a ampliação do excludente de ilicitude, parte do pacote anticrime do ministro Sérgio Moro.

Na proposta do ministro, as penas de policiais e cidadãos comuns podem cair à metade ou deixar de serem aplicadas em casos de “medo, surpresa ou violenta emoção”. O texto está em tramitação no Congresso, mas membros da oposição avisam que será impossível mantê-lo após o caso Ágatha.

Marcus Vinícius Braga, secretário de Polícia Civil, que também participou da coletiva, disse que "a gente não pode, de maneira alguma, ligar a morte da menina Ághata à política de segurança do Rio de Janeiro". 

Só este ano, ao menos 16 crianças foram baleadas na região metropolitana do Rio — cinco morreram, de acordo com a plataforma Fogo Cruzado, que monitora tiroteios. 

Segundo Braga, a Delegacia de Homicídios do Rio vai apurar "tecnicamente os atos, mas não vai, de forma alguma, investigar a política de segurança do Estado". Ele disse, no entanto, que "não se pode transformar nossos policiais em monstros".

Wilson Witzel se elegeu tendo como uma de suas bandeiras o enfrentamento das forças policiais com os grupos criminosos no Rio de Janeiro. As mortes por intervenção de agentes policiais no Rio de Janeiro aumentaram 14% de janeiro a julho em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo balanço do governo. 

"A nossa missão é resgatar o Estado do Rio das mãos do crime organizado. O resultado está aparecendo de forma satisfatória. O narcotráfico utiliza as comunidades como escudo. Atiram em policiais e nas pessoas. O crime organizado tem mantido a barbárie como uma de suas bandeiras. Nós estamos conseguindo combater porque os policiais militares e civis estão trabalhando", afirmou.

(Com Estadão Conteúdo)

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