Brasil

Após 2 anos, maioridade penal volta a ser pauta no Senado

Os parlamentares vão retomar a análise da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 21/2013), que prevê a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos

Maioridade penal: na próxima semana, o texto será incluído na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Maioridade penal: na próxima semana, o texto será incluído na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de setembro de 2017 às 09h03.

Última atualização em 3 de janeiro de 2018 às 16h18.

Brasília e São Paulo - Após praticamente dois anos, o Senado vai retomar a análise da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 21/2013), que prevê a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Na próxima semana, o texto será incluído na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Presidente do colegiado, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) afirmou que a intenção é votar o parecer do relator Ricardo Ferraço (PSDB-ES) já na próxima semana. Em análise de abril de 2016, sobre as diversas propostas que reduzem a maioridade, Ferraço questionou a atual limitação de 18 anos.

Ele destacou em seu relatório que hoje "estamos diante de uma ficção jurídica, uma construção abstrata e apriorística da lei, sem ligação necessária com a realidade concreta e que desconsidera se o agente era ou não capaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com tal entendimento - que são os dois requisitos biopsicológicos adotados pela nossa lei e pela doutrina penal para as outras hipóteses de definição da inimputabilidade, como deficiência mental, embriaguez completa e dependência química".

O tema havia sido uma das principais bandeiras do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso pela Operação Lava Jato, mas estava esquecido no Congresso desde meados de 2015. De acordo com Ferraço, a recente onda de violência no País fez ele desengavetar a proposta. "Temos de enfrentar esse tema", afirma.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), já adiantou que, se o projeto for aprovado na CCJ, colocará em votação no plenário assim que haja pedido dos líderes da Casa.

Diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima vê uma série de problemas no projeto e considera que "não vai ajudar absolutamente nada no controle da criminalidade ou da violência".

"A gente tem um sistema prisional completamente falido, que é um celeiro de recrutamento para facções criminosas, e, dessa forma, o projeto só responde ao anseio de uma parte da população, mas não resolve o problema de segurança.

"É muito mais um discurso político, de linha dura, mas que, de concreto, não modifica em nada a situação em que vivemos", diz o promotor da Vara do Júri Felipe Zilberman. "Eu defendo o cumprimento da lei, uma policia mais eficaz, investigação e políticas publicas."

Já o promotor criminal Rogério Zagallo considera o projeto "absolutamente salutar". "É uma questão de justiça. Hoje, nós temos injustiças: pessoas condenadas a penas socioeducativas absolutamente ínfimas diante dos fatos praticados, enquanto outras, porque fizeram 18 anos, sofrem uma pena mais expressiva", afirma.

Para Zagallo, "isso incentiva o cometimento do crime, porque causa uma sensação de impunidade". "O menor de idade tem a sensação de que nada vai acontecer com ele. Por outro lado, é absolutamente inconteste que uma pessoa com 16 anos tem consciência do que está fazendo, ao praticar atos ilícitos."

Alternativa

Já na Câmara, projeto alternativo à redução da maioridade penal também avança - mudando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e estendendo o prazo máximo de internação dos atuais 3 anos para até 10 anos.

Relator da proposta, o deputado Aliel Machado (Rede-PR) disse ter parecer pronto. Em agosto, a comissão que discute o tema foi prorrogada. A expectativa é votar o texto até a segunda quinzena de outubro.

Um dos principais defensores dessa proposta é o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CriançasMaioridade penalPrisõesSenado

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas