Fernando Haddad: os torcedores subiram ao palco, onde estava Haddad, para defender o que chamaram de Manifesto das Torcidas pelo Brasil (Fernando Haddad/Facebook/Divulgação)
Agência Brasil
Publicado em 23 de outubro de 2018 às 09h41.
Última atualização em 23 de outubro de 2018 às 10h11.
No Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Tuca), o candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, recebeu nesta segunda-feira (22) à noite o apoio de 69 torcidas organizadas de clubes de futebol, unindo Corinthians e Palmeiras, Flamengo e Vasco, Internacional e Grêmio, entre outros rivais. Também participaram líderes religiosos de diversos credos, artistas e intelectuais.
Os torcedores subiram ao palco, onde estava Haddad, para defender o que chamaram de Manifesto das Torcidas pelo Brasil. No documento, assinado por representantes do Corinthians, Internacional, Grêmio, Vasco, Palmeiras, Flamengo, Santa Cruz, Sport, Náutico, Cruzeiro, São Paulo, CSA, entre outros, os esportistas destacam a importância do diálogo.
"É imensamente importante que tenhamos clareza e diálogo para nos posicionarmos nesse momento em nome da democracia e da liberdade. Caso contrário, todos os nossos sonhos e lutas terão sido em vão", diz o documento.
Depois, religiosos católicos, evangélicos, budistas e de matrizes africanas também subiram no palco para fazer uma oração pela candidatura de Haddad. Intelectuais e artistas ressaltaram a importância de defender a democracia e o Estado de Direito.
"Vivemos hoje no Brasil um momento delicado e decisivo. Estamos há menos de quinze dias de uma eleição em segundo turno para escolhermos o presidente do país. De um lado, uma democracia conquistada a duras penas e muita luta, de outro, um retrocesso conservador que motivou a luta de tantos cidadãos em nome da democracia e liberdade que ainda buscamos.
Os riscos trazidos por essa polaridade causaram desencontro de informações baseados no ódio, na mentira, na construção de um inimigo público comum e na falsa ideia de que para corrigir erros, é preciso somente punir e privar os indivíduos de sua liberdade.
É preciso vir a público para manifestarmos e defendermos o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO que conquistamos ao longo dos anos em que vivemos sob um regime militar. É preciso definir que tipo de sociedade que queremos ser! E nós queremos a democracia! As entidades que assinam esse manifesto se mostram preocupadas e buscam esclarecer a seus participantes que as vias obscuras de poder podem ser prejudiciais à nossa existência.
Major Olímpio, senador eleito e apoiado pelo candidato extremista da direita, já deixou claro seu objetivo de acabar com as torcidas organizadas criminalizando suas ações e seus componentes. Não podemos admitir tamanha injustiça e autoritarismo. Não podemos permitir que todo e qualquer ativismo social existente no Brasil seja extinto e apagado, dilacerando milhões de pessoas que querem apenas exercer seus direitos.
É imensamente importante que tenhamos clareza e diálogo para nos posicionarmos nesse momento em nome da democracia e da liberdade! Caso contrário, todos os nossos sonhos e lutas terão sido em vão. Por isso apoiamos, neste segundo turno, a candidatura que representa a sobrevivência da democracia. Estamos em uma luta da democracia contra o autoritarismo!"
Durante o evento, Haddad agradeceu o apoio divulgado hoje pela candidata derrotada da Rede, Marina Silva. "Esse reencontro democrático me enche de orgulho", afirmou o presidenciável, que mais cedo, nas redes sociais, lembrou da convivência harmônica e respeitosa com Marina Silva quando ambos eram ministros.
Haddad acrescentou que as propostas do adversário Jair Bolsonaro (PSL) podem até serem aceitas em um momento de "delírio", mas jamais prevalecerão. "A humanidade jamais vai concordar com o arbítrio. Pode até, em um momento de delírio, de perturbação, de raiva, de ódio, ela pode até querer abraçar um projeto que ele representa."
Em seguida, o candidato acrescentou: "Mas a gente acorda desse pesadelo e realiza a humanidade que todo mundo tem dentro de si. Ele é o antisser humano, é tudo que precisa ser varrido da face da Terra", afirmou.
Haddad reiterou a rejeição pelo tom adotado pelo adversário, que pregou a exclusão dos "vermelhos" durante ato na Avenida Paulista. "Ontem [21] ele fez um vídeo muito grave, que eu nunca tinha visto uma pessoa ter coragem de fazer: que é ameaçar de morte um adversário, ameaçar a integridade física dos seus opositores, dizendo que não terão lugar no Brasil, ou a cadeia ou o exílio. Disse com todas as letras, está gravado, registrado para a posteridade".
Mais cedo, o candidato do PT disse, ao comentar o mesmo episódio, que as instituições não estão reagindo às ameaças à democracia.
O candidato do PT ressaltou que, até o dia 28 (data do segundo turno), o país vai perceber o verdadeiro projeto político de Bolsonaro. "É uma pessoa que saiu das trevas da ditadura, dos porões da ditadura e, sem que as pessoas consigam perceber o que ele representa, ainda, porque nós temos até domingo para demonstrar, ele vem galgando degraus e agora parece como um paladino da restauração de uma ordem que ninguém quer mais."