Jair Bolsonaro: presidente já deu indícios de que deve sair do PSL e tenta meios jurídicos para deputados que o seguirem não perderem o mandato (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 15 de outubro de 2019 às 20h46.
Brasília — O grupo de parlamentares dissidentes do PSL pretende continuar no partido se for possível a saída da atual Executiva, inclusive do presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE), e a entrega da direção da legenda ao presidente Jair Bolsonaro, disse nesta terça-feira a deputada Carla Zambelli (SP), uma das líderes do racha no partido.
"Continuamos (no PSL) se o presidente puder assumir a Executiva do partido. O partido só é o que é hoje porque Bolsonaro foi eleito. Nossa ideia é que o presidente Bivar deveria deixar a presidência, deveria ser composta uma nova Executiva, que iria para o presidente Bolsonaro", disse Zambelli ao final de uma cerimônia no Palácio do Planalto.
A deputada admite, no entanto, que essa solução se tornou mais complicada nos últimos dias com as declarações do líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (GO). Ao saber que a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra Bivar nesta terça, o líder disse que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, e seu ex-assessor Fabrício Queiroz deveriam ser também algo de buscas.
Zambelli admitiu que o caminho mais provável hoje é uma solução em que seu grupo saia do partido, mas disse que vai esperar por uma decisão de Bolsonaro.
"A ideia é fazer tudo em grupo e esperar a decisão de Bolsonaro", afirmou.
A parlamentar afirmou ainda que o grupo dissidente tem hoje a maioria da bancada e que não se reuniu ainda, mas há planos de tentar derrubar Waldir da liderança do partido e instalar um dos parlamentares do grupo no posto.
"Esse movimento é mais fácil, é maioria simples. A mudança na Executiva é bem mais complicada, não há dúvida", disse.
Os dissidentes acusam Waldir de ter passado a impedir o acesso do grupo à liderança e os assessores de darem documentos ou realizarem tarefas para eles.
No final do dia, a crise aumentou alguns pontos quando Waldir retirou o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), e outro deputado dissidente, General Girão (RN), da comissão especial que analisa a reforma da Previdência militares.
Depois disso, Waldir colocou o PSL em obstrução durante a votação da Medida Provisória 886, que fez alterações administrativas na estrutura do Planalto --como a mudança da articulação política das mãos de Onyx Lorenzoni, na Casa Civil, e pôs na Secretaria-Geral, com Luis Fernando Ramos.
A MP cai na quarta e precisa ser aprovada na Câmara e no Senado.