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Apoiadores de Bolsonaro fazem ato com pedido de impeachment de Lula e bandeira de Israel

Bolsonaro pediu que os manifestantes usem as cores verde e amarelo e que não levem cartazes contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ou outras instituições

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil (Jair Bolsonaro/ Facebook/Reprodução)

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil (Jair Bolsonaro/ Facebook/Reprodução)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 25 de fevereiro de 2024 às 15h29.

Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) realizam uma manifestação neste domingo, 25, na Avenida Paulista, em São Paulo, em defesa do ex-presidente, que é investigado pela Polícia Federal (PF) por uma suposta tentativa de golpe de Estado. Os manifestantes foram ao ato vestidos de verde e amarelo e com bandeiras do Brasil e de Israel. Diferente de outras manifestações bolsonaristas, faixas e cartazes com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) não foram identificados pela reportagem.

Apesar de poupar críticas ao Supremo, os manifestantes proferiram gritos pedindo o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesta semana, parlamentares bolsonaristas protocolaram um pedido de impeachment contra o atual presidente, após ele ter comparado os ataques israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto. Por volta de 14h30, a manifestação já contava com a presença de dezenas de deputados bolsonaristas.

A manifestação na Paulista é bancada pelo pastor evangélico Silas Malafaia, que estimou na sexta-feira (23) desembolsar entre R$ 90 mil e R$ 100 mil para arcar com toda a estrutura do evento, como fornecimento de água, instalação de grades e transmissão pela internet - há seguranças privados, mas a Polícia Militar também atua no local. Malafaia alugou dois trios elétricos que estão dispostos em “L”: um maior, onde está Bolsonaro e os aliados mais importantes, de onde são feitos os discursos e um segundo veículo, sem estrutura de som, para abrigar os demais convidados, fotógrafos e cinegrafistas.

Estão presentes os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), com quem Bolsonaro se hospedou na capital paulista, Ronaldo Caiado (União-GO), e Jorginho Mello (PL-SC), além de senadores, deputados federais e estaduais de diversos Estados brasileiros. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (PL-SP), também está no local.

O Estadão identificou a organização de caravanas partindo de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso e Distrito Federal. O ex-presidente desestimulou a realização de manifestações em todo Brasil e pediu que seus apoiadores se concentrassem na Avenida Paulista em uma tentativa de demonstrar o máximo de apoio popular possível.

Bolsonaro pediu que os manifestantes usem as cores verde e amarelo e que não levem cartazes contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ou outras instituições. Além da preocupação com possíveis consequências judiciais, é uma tentativa de manter o foco da manifestação como uma resposta às investidas judiciais contra o ex-presidente, que se considera perseguido pelo STF e pela Polícia Federal.

O ato foi convocado pelo próprio Bolsonaro quatro dias após ele ter sido alvo da operação Tempus Veritatis (a hora da verdade, em português) no dia 8 de fevereiro. A PF investiga suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil antes e após a eleição de 2022. O ex-presidente teve o passaporte confiscado e quatro ex-assessores dele foram presos preventivamente.

Bolsonaro prestou depoimento sobre o caso na quinta-feira, 22, mas ficou em silêncio. A defesa do ex-presidente chegou a pedir, sem sucesso, o adiamento do depoimento sob a alegação de que não teve acesso às íntegras do processo e da delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. A operação da PF se baseou em materiais disponibilizados por ele, como mensagens trocadas com aliados do ex-presidente e o vídeo de uma reunião ministerial em julho de 2022.

Com base no conteúdo encontrado no celular de Cid, a PF afirma que Bolsonaro participou da elaboração do rascunho de um decreto que previa a realização de novas eleições e a prisão de autoridades, como os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Por sugestão do ex-chefe do Executivo, o documento foi modificado e apenas a prisão de Moraes foi mantida. O decreto nunca entrou em vigor.

No vídeo encontrado no computador do ex-ajudante de ordens, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, afirma que “se tiver que virar a mesa é antes das eleições”. Ele também foi alvo da Tempus Veritatis ao lado dos ex-ministros Braga Netto, Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira, do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que foi preso em flagrante pela posse de arma de fogo para a qual não tinha autorização. No total, 23 pessoas prestaram depoimento simultâneo ao de Bolsonaro na quinta-feira. Ao contrário dos demais, Torres e Valdemar responderam as perguntas dos investigadores.

Além da suposta tentativa de golpe, Bolsonaro é alvo de outras investigações que estão no STF. Entre elas, a venda de joias recebidas como presentes pela Presidência da República, caso revelado pelo Estadão, a fraude nos cartões de vacina do ex-presidente e sua filha e o inquérito que apura os autores intelectuais do 8 de Janeiro, quando manifestantes golpistas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF.

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