Brasília - O deputado Jair Bolsonaro (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de dezembro de 2017 às 16h56.
São Paulo - Um autodeclarado humorista e apoiador do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) causou tumulto em evento convocado pela corrente do PSDB "Esquerda Pra Valer", para discutir democracia e direitos humanos com a presença de integrantes do PT, PV, PSB e PPS. Felipe Ferreira, que mantém um canal de vídeos no Youtube com conteúdo de direita subiu no palco enquanto o ex-ministro Aldo Rebelo (PSB) falava e, vestido de presidiário, fez uma "performance". "Que o PT e o PSDB nunca mais voltem a governar este País, viva a Lava Jato", disse ele. A intervenção foi repudiada pela plateia.
Depois de deixar o local, Ferreira disse que é eleitor de Bolsonaro e que estava ali para "representar milhões de brasileiros" inconformados com as denúncias de corrupção. "Essa onda (conservadora) passa. É mais fruto de desorientação do que de objetivos", minimizou Rebelo.
O evento, batizado de "Convergências pela Democracia e Direitos Humanos", tinha como objetivo criar um ambiente de diálogo entre partidos que há décadas se enfrentam nas urnas para buscar unidade, mesmo que pontual, em oposição à onda conservadora que se espalha pelo País. "Temos que juntar todas as forças porque é tempo de resistência", disse o deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Além dos tucanos e de Rebelo, participaram do ato o vereador Eduardo Suplicy (PT), o deputado Arnaldo Jardim (PPS) e o ex-secretário Eduardo Jorge (PV), entre outros. Enquanto as lideranças falavam, na plateia circulava um abaixo assinado em favor de uma ação popular para reverter o impeachment e devolver o governo à presidente cassada Dilma Rousseff (PT).
O presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, reclamou da falta de público. "É necessário fazer mais isso. O comparecimento ainda é escasso", disse ele. Felipe Guimarães, coordenador do "Esquerda Pra Valer", leu um manifesto escrito pelo ex-ministro José Gregori e subscrito pelos participantes do ato e outras lideranças como o senador José Serra (PSDB-SP) e o pelo deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
"Não há democracia sem política, desprezá-la ou tentar extingui-la equivale ao absurdo de retirar as equipes dos estádios e deixar somente em campo o juiz em diálogo lúgubre com as traves. Só as ditaduras praticam esse absurdo", diz trecho do manifesto, que também pedia respeito ao estado de direito. "Tanto os apuradores quanto os julgadores devem balizar suas condutas nos limites dos deveres funcionais sem pretensões de salvacionismos hegemônicos." Segundo Guimarães, a ideia é divulgar e angariar mais apoio ao documento e, a partir dele, realizar novos eventos.