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Aplicativo dá força às mães de bebês com microcefalia

O aplicativo WhatsApp se transformou em uma arma poderosa de força e autoestima para essas mulheres


	No Recife, Sueli Maria segrua sua filha Milena, que tem microcefalia: o WhatsApp se transformou em uma arma poderosa de força e autoestima para essas mulheres
 (REUTERS / Ueslei Marcelino)

No Recife, Sueli Maria segrua sua filha Milena, que tem microcefalia: o WhatsApp se transformou em uma arma poderosa de força e autoestima para essas mulheres (REUTERS / Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 29 de fevereiro de 2016 às 15h09.

Recife - São 2h25 e o celular rasga o silêncio da madrugada. "Meninas, Arthur acaba de dar seu primeiro sorriso", escreve a auxiliar de serviços gerais Rozilene Mesquita, de 39 anos, sobre o filho de 4 meses.

Do outro lado do telefone, dezenas de mães acordadas comemoram e renovam a esperança de que, em algum momento, seus filhos - todos diagnosticados com microcefalia em Pernambuco - também riam.

O aplicativo WhatsApp se transformou em uma arma poderosa de força e autoestima para essas mulheres.

Afeto, acolhimento e pertença na ponta dos dedos, online. Hoje, são quase cem mães que partilham experiências, preocupações, necessidades e conquistas.

As dificuldades de assistência que relatam enfrentar fez com que o grupo, batizado União de Mães de Anjos (UMA), se politizasse: vai transformar-se em uma ONG vinculada à Aliança de Mães e Famílias Raras (Amar), que atende familiares de crianças com doenças pouco comuns.

"Depois desse surto, todos falam das crianças com microcefalia. É uma oportunidade interessante para chamar a atenção das autoridades e cobrar mais políticas para as famílias raras", opina a vice-presidente da Amar, Daniela Rorato.

Assim, quem sabe, as mães de bebês com microcefalia - a maioria é de baixa renda - consigam pressionar o governo para que o transporte até o Recife não esteja restrito a horários ingratos ou limitado a poucas vezes por semana, fazendo-as pagar as passagens do próprio bolso.

"Todos os dias gasto R$ 50 para vir de Goiana (a uma hora da capital) para cá. Já não tenho mais a quem pedir", lamenta Rosicláudia Souza, mãe de Carla Vitória, de 4 meses.

Ou para que se acelere o moroso processo de aposentadoria dos bebês: apenas duas das dezenas de mulheres ouvidas pela reportagem já tiveram concedido algum tipo de benefício financeiro.

Outra bandeira da UMA é lutar pela regulamentação da profissão de cuidador - desse modo, quem teve de largar os empregos para tomar conta dos filhos poderia ter alguma fonte de renda.

Cumplicidade

Apesar dos percalços, o clima entre as novas amigas é de cumplicidade e diversão. Na quinta-feira, dia em que costumam se reunir na Fundação Altino Ventura (FAV), festejaram os "mêsversários" de Daniel, Laura e João.

"Você está vendo alguém triste aqui?", indaga Germana Nascimento, de 24 anos, mãe de Guilherme, de 4 meses.

Mas nem sempre é possível. A recepcionista Daniele Santos, de 29 anos, não pôde esconder a decepção com o marido logo após o nascimento de Juan Pedro, hoje com 2 meses.

Foi embora de casa com a televisão debaixo do braço: o bebê chorava demais e atrapalhava sua concentração no jogo de futebol.

"Tenho muitos momentos de solidão, mas as meninas conseguem me ajudar", diz ela.


O grupo de mães também veio para preencher um vazio na vida da estudante de contabilidade Bruna Thamires, de 22 anos. Há quatro meses, quando Enzo Luiz nasceu, os amigos próximos foram visitá-lo e, ao vê-lo, nunca mais voltaram.

"A UMA me ajudou a ver que não é por uma deficiência que a gente vai excluir o menino. Hoje, a gente leva ele para todo lugar."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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