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Aos 126 anos, Avenida Paulista fica cada vez mais pop

Avenida mais famosa de São Paulo passa por um constante processo de modificação e modernização

Avenida Paulista: reformas de edifícios e impulso comercial são partes das mudanças na avenida (Germano Lüders/EXAME/Exame)

Avenida Paulista: reformas de edifícios e impulso comercial são partes das mudanças na avenida (Germano Lüders/EXAME/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 09h04.

São Paulo - Do 23º andar de seu apartamento, a empresária Lilian Varella, de 57 anos, viu a Avenida Paulista mudar em dez anos.

Primeiramente, reparou no concreto que pouco a pouco restringiu o espaço do mosaico português, antes da tinta vermelha começar a delimitar espaços de ciclistas.

Em 2015, juntou-se aos pedestres que tomam a via nos domingos e feriados. "A Paulista é o quintal da minha casa, um quintal maravilhoso. Tudo o que acontece na cidade passa por aqui", conta sobre a via - que faz 126 anos nesta sexta-feira, dia 8 de dezembro.

Mineira, Lilian lembra de quando conheceu a via, nos anos 1980. "Eu me sentia em uma Champs Elysées (em Paris), em uma Quinta Avenida (em Nova York). Fiquei enlouquecida em ver um filme que não era nem americano nem brasileiro, um indiano, na Mostra (de Cinema de São Paulo)."

Autor de "Avenida Paulista - Síntese da Metrópole", o arquiteto Antonio Soukef afirma que, após mudanças na legislação, começaram a surgir prédios residenciais nos anos 1940, e, depois dos anos 1960 e 1970, escritórios de grandes corporações.

"A avenida nunca perdeu esse caráter de ser um local de curiosidade de quem mora em outras regiões, com eventos como a (Corrida de) São Silvestre, as manifestações, as comemorações de campeonatos, sempre teve caráter aglutinador, que agora se ampliou."

Para a professora do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Amanda Bárbara Félix, a chegada de grandes corporações impulsionou a migração de parte da elite para os Jardins e a zona oeste.

"Esses núcleos nunca ficam no mesmo ponto. A arquitetura é um reflexo de sua época, mas as demandas corporativas mudam", diz ela.

Hoje, o setor se concentra na Marginal do Pinheiros e nas Avenidas Berrini e Faria Lima, que têm lotes maiores e menos divisões de alvenaria, o que permite flexibilidade em salas comerciais.

Segundo Amanda, com o enxugamento de empresas e a remodelação arquitetônica de prédios antigos (os chamados retrofits), o lado comercial da Paulista ganha fôlego. "O edifício que não atender às demandas dos escritórios vai ficar renegado. O retrofit aumenta a vida útil."

Retrofit

Nessa perspectiva, ao menos cinco imóveis da Paulista passam ou passaram pelo processo recentemente. Um dos exemplos é o Edifício BFC, erguido entre 1978 e 1982.

Ex-sede do Banco Real, começou a ser recuperado em 2015 e a primeira fase da obra foi concluída em outubro.

"A análise mostrou que o mármore da fachada estava com risco de ceder. Decidimos recuperar o prédio, aplicando uma película de vidro sobre o material já existente, de modo a trazer segurança e valorizar alguns elementos", diz o arquiteto Rodrigo Gianoni, do escritório Perkins+Will.

Quem trabalha ali nota as mudanças. "Está muito mais moderno, mais de acordo com os dias de hoje, não é? Na Paulista, é preciso se modernizar. Ou fica para trás", afirma a funcionária pública Heloísa Morilhas, de 49 anos. Já a analista Daniele Aquino, de 24, concorda que o edifício se modernizou. "Mas gostava mais do estilo antigo."

Próximo, o Edifício São Luís Gonzaga também está em obras. "Substituímos os elevadores antigos pelos 'inteligentes'. Em abril, começamos o retrofit da fachada. A previsão é de que sejam de 12 a 18 meses de obras", diz o padre Jonas Moraes, diretor de administração da mantenedora do prédio, a Associação Nóbrega de Educação e Assistência Social. Com retrofit em 2014, o Edifício Paulista 2028, dos anos 1970, teve resultado positivo.

"Sem isso, estaria com conjuntos alugados a R$ 30 ou R$ 40 o metro quadrado. No nosso, a gente pede R$ 80, R$ 85", afirma Eduardo Cardinale, diretor de transações da Newmark Grubb Brasil, que representa o condomínio. "Sem a obra, ele seria um prédio classe C para o mercado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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