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Senado debate MP que combate fraudes no INSS; prazo termina hoje

Durante todo o fim de semana, o governo fez uma mobilização para garantir que os parlamentares comparecessem à sessão extraordinária

Senado: hoje é o prazo limite para que a medida não caduque (Agência Senado/Divulgação)

Senado: hoje é o prazo limite para que a medida não caduque (Agência Senado/Divulgação)

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Clara Cerioni

Publicado em 3 de junho de 2019 às 17h19.

Última atualização em 3 de junho de 2019 às 20h21.

São Paulo — O Senado vota nesta segunda-feira (03) a medida provisória 871, que faz um pente-fino em benefícios previdenciários e assistenciais, conhecida como MP Antifraude do INSS.

Hoje é o prazo limite para que a medida não caduque. A sessão começou às 14 horas, mas atingiu o quórum necessário de 41 senadores, apenas às 17h.

Acompanhe ao vivo a votação:

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Acordo

A oposição no Senado fechou um acordo com o governo para garantir a votação da medida. O acordo garante a inclusão na reforma da Previdência, que tramita na Câmara, de um gatilho para que o prazo de cadastramento de trabalhadores rurais e pescadores seja renovado caso, ao seu término, não tenha havido o registro de um porcentual mínimo ainda a ser definido desses profissionais.

De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a oposição se comprometeu a não obstruir e não pedir verificação de quórum durante a votação. Se não for aprovada hoje, ela perde sua validade, por isso a necessidade do governo de garantir esse acordo com a oposição. Randolfe afirmou que o acordo foi fechado com o bloco que reúne a Rede, PDT, Cidadania e PSB. O PT não faz parte do grupo.

"Neste sentido, nós compreendemos que o prazo seja de um ano, seja de cinco anos para a transição para o cadastro nacional é um prazo insuficiente para um sistema que tem quase 98% de trabalhadores rurais e pescadores ainda sendo convalidados por sindicatos", afirmou Randolfe.

Na versão do texto da MP aprovada pela Câmara, o trabalhador rural poderá fazer uma autodeclaração de atividade no campo, cuja veracidade será comprovada por órgãos públicos e essa modalidade valerá até 2023. Depois desse prazo, a autodeclaração não será mais aceita e o trabalhador rural terá que se inscrever no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) para comprovar o tempo de serviço no campo e poder receber o benefício.

A proposta de criação de um gatilho foi apresentada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e, segundo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), será incorporado pelo relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). O porcentual que será levado em consideração para o cadastro ainda será definido.

O secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho acompanhou a reunião de Bezerra e a oposição e chancelou o acordo. "O gatilho proposto é muito bem-vindo e pertinente. Este tipo de correção que nós esperamos do Parlamento brasileiro. Não vejo nenhuma dificuldade do relator acatar", disse.

Mobilização

Durante todo este domingo (02), a hashtag #SenadoAprovaMP871 ficou entre os assuntos mais citados do Twitter. Segundo o governo, a medida pode gerar economia aos cofres públicos de R$ 9,8 bilhões apenas no primeiro ano de vigência.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), afirmou que foi feita uma mobilização para fazer com que os parlamentares comparecessem à sessão extraordinária, porque tradicionalmente, o Senado não realiza votações às segundas-feiras.

Durante todo o fim de semana, uma força-tarefa agiu para convencer os senadores a anteciparem a vinda para Brasília. Para que a votação seja realizada, é necessária a presença de no mínimo 41 dos 81 senadores no plenário.

O presidente Bolsonaro postou no Twitter sua expectativa pela aprovação da MP 871.

MP 871

Pelo texto aprovado na Câmara dos Deputados na semana passada, de relatoria do deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), o INSS passará a ter acesso a dados da Receita Federal, do Sistema Único de Saúde (SUS), de movimentação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e outros para concessão, revisão ou manutenção de benefícios.

Com a aprovação da MP, o pequeno produtor rural precisará comprovar o tempo de exercício de atividade rural por meio de autodeclaração ratificada pelo Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pronater). O INSS não aceitará mais documentações emitidas por sindicatos rurais.

Foi aprovado, ainda, o destaque que trata do compartilhamento de dados de entidades privadas obtidos pelo INSS com outras entidades privadas e que manteve o Benefício de Prestação Continuada (BPC) na lista de tipos de benefícios que poderão ser alvo de pente fino por parte do INSS.

Também foi aprovado o aumento de 30 dias para 60 dias o prazo para o trabalhador rural e agricultor familiar apresentar provas contra indícios de irregularidades apontadas pelo INSS.

A proibição de pessoas que não sejam médicas, presentes durante a perícia do segurado, exceto quando autorizada pelo médico perito, também foi aprovada. Além disso, a perícia por telemedicina não poderá ser usada.

(Com Estadão Conteúdo)

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