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Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2013 às 19h11.
Rio de Janeiro - Chegou a pelo menos dez mortos e cinco baleados o saldo dos confrontos entre policiais militares e traficantes de drogas no Complexo da Maré, na zona norte do Rio, entre o início da noite desta segunda-feira, 24, e o fim da tarde desta terça-feira, 25. Entre os mortos, há um sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope), dois moradores e seis suspeitos de envolvimento com o tráfico.
Foram detidos dez homens, entre eles um menor de 16 anos. Moradores e organizações não governamentais (ONGs) que atuam na favela acusam policiais militares (PMs) de ter invadido casas e executado algumas vítimas. A polícia nega.
Formado por 15 favelas com 130 mil moradores, o Complexo da Maré, atualmente, é dominado por duas facções de traficantes de drogas e uma milícia. A região deverá ser ocupada pelas forças de segurança em agosto, para futura instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
Diretora da ONG Redes da Maré, Eliana Souza e Silva disse que pelo menos três pessoas foram mortas a facadas pelos PMs do Bope. Dois homens teriam sido assassinados por volta das 6 horas desta segunda-feira, enquanto dormiam, na Rua São Jorge. Moradores afirmaram que eles trabalhavam como pedreiros.
A reportagem esteve no imóvel, que estava totalmente revirado e com marcas de sangue para todos os lados. Um terceiro homem teria sido morto pelos policiais num sobrado de dois andares na Rua Carmelita Custódio.
Às 13 horas desta segunda, o corpo permanecia no imóvel. Cerca de dez homens do Bope escoltavam o local e impediram que a imprensa fizesse imagens, alegando que aguardacam a chegada da perícia.
"Recebemos denúncias de que o Bope está invadindo a casa das pessoas, indiscriminadamente, e matando quem eles acham suspeitos a facadas. Estive em dois locais e constatei isso. Mesmo que eles tenham ligação com o crime, o dever da polícia é prender. Não matar", afirmou Eliana. Porta-voz do Bope, o capitão Ivan Blaz negou as acusações.
"Eu conheço a Eliana. Em outras operações do Bope em que ela fez outras acusações, nós mesmos disponibilizamos uma viatura para levá-la à Corregedoria. Para investigar essas denúncias, precisamos achar esses corpos esfaqueados. Até agora, todos os mortos tinham apenas marcas de tiros", afirmou.
Há duas semanas, a PM realizou uma reunião com representantes de todas as associações de moradores da Maré. O encontro foi realizado numa universidade particular, no centro da capital fluminense.
Segundo a diretora da ONG, na ocasião, foi dito que o conjunto de favelas começará a ser ocupado em agosto, logo depois da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada entre os dias 23 e 28. Atualmente, quase todo o efetivo das polícias está empregado na Copa das Confederações, na Jornada e também nas recentes manifestações em vários bairros da capital e cidades do Grande Rio.
Início dos confrontos
O tiroteio começou por volta das 19 horas de segunda-feira, quando um grupo de criminosos iniciou um arrastão na pista sentido zona oeste da Avenida Brasil, na altura da Nova Holanda. Antes, os criminosos teriam participado de uma manifestação que saiu da Praça das Nações, em Bonsucesso, e interditou uma faixa da Brasil.
Após o início dos assaltos em série na via expressa, PMs do 22.º Batalhão (Maré) foram acionados e teve início um confronto com traficantes que estavam na Nova Holanda. Os policiais, então, pediram reforço do Bope.
Durante o tiroteio inicial, morreram o sargento do Bope Ednelson Jerônimo dos Santos Silva, de 42 anos, e o morador Eraldo Santos da Silva, de 35. Durante a madrugada, o morador José Everton Silva de Oliveira, de 21 anos, foi baleado e morreu.
Os outros seis mortos, que, conforme a polícia, eram suspeitos de ligação com o tráfico, não haviam sido identificados até as 17h30. O décimo corpo foi resgatado nesta terça de manhã pelo Corpo de Bombeiros. Com eles, os PMs dizem que foram apreendidos fuzis, pistolas, metralhadora, granada e grande quantidade de drogas.
Um PM do 22.º Batalhão, identificado como William Cordeiro Belo, de 37 anos, foi ferido no queixo com uma pedrada. Outros cinco moradores foram feridos por balas perdidas: Cláudio Duarte Rodrigues, de 41 anos, baleado nas nádegas; Wagner de Lima Marinho, de 23; na virilha; Robson Maceió Guimarães, de 40; na barriga; Djalma Pereira da Silva, de 52, no antebraço, e Alessandro de Oliveira, de 33, no ombro.