Brasil

Anvisa pede mais informação ao Butantan para liberar Coronavac em crianças

Técnicos da agência, representantes da sociedade médica e pesquisadores do Instituto se reuniram nessa terça-feira

Coronavac: vacina é usada para imunização de crianças no Chile (Breno Esaki/Agência Saúde DF/Agência Brasil)

Coronavac: vacina é usada para imunização de crianças no Chile (Breno Esaki/Agência Saúde DF/Agência Brasil)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 22 de dezembro de 2021 às 07h35.

Última atualização em 22 de dezembro de 2021 às 07h38.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu na terça-feira, 20, que ainda faltam informações para que o uso emergencial da Coronavac seja autorizado no público infantil, conforme já ocorreu no Chile. A decisão foi tomada após reunião com técnicos da Anvisa, representantes do Instituto Butantan e sociedades médicas.

Diante de dados apresentados por membros do Butantan, pesquisadores da Anvisa e especialistas, como pediatras e imunologistas, entenderam que o Instituto precisa apresentar dados ''ausentes no processo'' para, depois, avaliar se libera ou não a vacina da Coronavac em crianças e adolescentes.

Como a política impacta os investimentos? Aprenda a investir na EXAME Academy

''A Anvisa vai encaminhar ao Instituto uma série de questionamentos sobre dados que ainda não estão presentes no processo e que impedem a conclusão da análise pela Agência'', informou a agência reguladora em nota.

Em novembro, a Coronavac foi liberada para uso em crianças a partir de 3 anos no Chile. Na ocasião, a agência reguladora do país afirmou que havia antecedentes suficientes para aprovar o imunizante, após estudos com esse grupo.

A reunião do Butantan com a Anvisa foi divida em duas etapas ao longo dos últimos meses. Na primeira, representantes do Instituto apresentaram estudos sobre o imunizante em crianças e responderam aos questionamentos de especialistas presentes no encontro. Em seguida, apenas técnicos da reguladora e representantes de sociedades médicas analisaram as informações prestadas pelo Butantan.

''Na avaliação dos técnicos da Anvisa e dos especialistas externos convidados há lacunas importantes nos dados apresentados pelo Butantan que ainda impedem afirmar de forma científica o grau de imunidade gerado nas crianças e adolescentes'', disse a Anvisa.

O Instituto Butantan defende que há argumentos para a aprovação. Em nota, o Instituto ''agradece as associações médicas'' que estiveram na reunião, mas afirma que ''foram apresentados dados robustos sobre imunogenicidade e segurança do imunizante mostrando, mais uma vez, que há elementos suficientes para autorização''.

Vacina para crianças no Brasil

Por se tratar de vacinas para crianças, a Anvisa incluiu as reuniões com especialistas da área no processo de autorização de imunizantes para esse público. Segundo a agência, a mesma medida foi adotada durante os estudos sobre a vacina da Pfizer, liberada para crianças a partir de 5 anos na semana passada.

A vacinação de crianças entre 5 e 11 anos segue sem prazo definido, apesar da liberação. A decisão da Anvisa enfrenta oposição do governo federal, que tem criticado a medida. Servidores da Anvisa também têm sofrido ameaças e retaliação pela internet. Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a aprovação, afirmando que a decisão da Anvisa era "inacreditável".

Após o impasse, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, havia dado dois dias para que o governo se manifestasse. Depois, ampliou o prazo, e estabeleceu limite até o dia 5 de janeiro para que o Ministério da Saúde apresente um cronograma para a vacinação infantil.

Além do Chile, países como Estados Unidos, membros da União Europeia, Canadá e outros vacinam desde novembro crianças a partir dos 5 anos.

Também nesta semana, a Fundação Oswaldo Cruz publicou estudo afirmando que a vacinação de crianças será crucial para que o Brasil atinja imunidade coletiva. O país chegou a 66% da população vacinada completamente contra a covid-19, mas o avanço da variante Ômicron preocupa.

(com Agência O Globo)

Assine a EXAME por menos de R$ 0,37/dia e tenha acesso ilimitado ao melhor conteúdo sobre economia e negócios.

Acompanhe tudo sobre:AnvisaInstituto ButantanSinovac/Coronavacvacina contra coronavírus

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP