Brasil

Anvisa nega certificação de fábrica da vacina indiana Covaxin

O Ministério da Saúde comprou 20 milhões de doses da Covaxin e esperava receber 8 milhões já neste mês

Anvisa: a empresa terá de cumprir exigências e fazer novo pedido de análise à agência reguladora (Rafael Henrique/SOPA Images/Getty Images)

Anvisa: a empresa terá de cumprir exigências e fazer novo pedido de análise à agência reguladora (Rafael Henrique/SOPA Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de março de 2021 às 10h16.

Última atualização em 30 de março de 2021 às 11h54.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indeferiu os pedidos de Certificação de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos da Bharat Biotech International Limited, que desenvolve a vacina indiana Covaxin, contra covid-19. A negativa consta de duas resoluções publicadas no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, 30.

Representantes da agência reguladora brasileira estiveram na Índia no começo de março para inspecionar a fábrica. A Certificação de Boas Práticas de Fabricação é um requisito obrigatório a ser cumprido pelo laboratório para que a Anvisa autorize o registro definitivo ou uso emergencial de uma vacina.

Justificativa

A inspeção na fábrica indiana foi realizada pela agência brasileira no começo de março deste ano. A resolução afirma que “considerando o descumprimento dos requisitos de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos, ou o descumprimento dos procedimentos de petições submetidas à análise, preconizados em legislação vigente", resolve indeferir os pedidos de Certificação de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos.

Foram descumpridos três artigos da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 69/2014 da agência, referentes aos documentos que devem ser apresentados no processo. Também não foram atendidas as especificações que devem ser estabelecidas para intermediários e insumos farmacêuticos ativos e validação dos métodos farmacopeicos usados pela empresa, além de outros artigos da Instrução Normativa (IN) 36/2019 da Anvisa.

Eles tratam, por exemplo, de parâmetros operacionais críticos de processo que afetam a qualidade do produto, de métodos utilizados para esterilização, de medidas que devem ser adotadas para se evitar o risco de uma nova contaminação de produtos e de processo para assegurar a completa inativação do organismo vivo.

Exigências de outras duas instruções normativas da Anvisa também não atendidas contribuíram para a decisão, entre elas, uma que trata do monitoramento da biocarga. A norma fala sobre o tempo requerido para se filtrar um volume conhecido da solução a granel e determina que o filtro não deve afetar o produto.

Reflexos

Como a certificação é um dos requisitos para o registro de um medicamento ou vacina no Brasil, a decisão poderá ter reflexos no cronograma de vacinação dos brasileiros. Isso porque 8 milhões das 20 milhões de doses que o Ministério da Saúde comprou da Covaxin estavam programados para chegar ainda este mês ao país.

Para conseguir a certificação, a Bharat Biotech, representada no Brasil pela Precisa Medicamentos, terá que fazer novo pedido de análise e cumprir exigências da Anvisa.

Acompanhe tudo sobre:AnvisaCoronavírusCovaxinÍndiavacina contra coronavírusVacinas

Mais de Brasil

Assassinato de delator do PCC é 'competência do estado', afirma Lewandowski

Alesp aprova proibição de celulares em escolas públicas e privadas de SP

Geração está aprendendo menos por causa do celular, diz autora do PL que proíbe aparelhos em escolas

Após cinco anos, Brasil recupera certificado de eliminação do sarampo