Brasil

Anvisa libera Coronavac para crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos

O esquema vacinal é o mesmo para maiores de 18 anos, com duas doses, e intervalo de 28 dias. O Butantan queria liberação a partir de 3 anos

Criança recebe dose da vacina contra covid-19 Coronavac em escola pública em Concón, no Chile. (Rodrigo Garrido/Reuters)

Criança recebe dose da vacina contra covid-19 Coronavac em escola pública em Concón, no Chile. (Rodrigo Garrido/Reuters)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 20 de janeiro de 2022 às 12h55.

Última atualização em 20 de janeiro de 2022 às 16h12.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou, nesta quinta-feira, 20, a aplicação da vacina contra a covid-19 Coronavac para crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos, com exceção dos imunocomprometidos. O pedido, feito do Instituto Butantan, abrangia crianças a partir de 3 anos, mas, segundo o órgão, faltam dados para uma autorização maior.

A decisão foi unânime dos cinco diretores da Anvisa. Este é o segundo pedido que o Instituto Butantan fez ao órgão para o uso emergencial da vacina em crianças e adolescentes. O primeiro, em agosto do ano passado, foi negado pela falta de dados dos estudos realizados com a população pediátrica.

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Nesta nova análise, o Butantan enviou dados de fase 3 dos testes de eficiência e eficácia. Foram estas informações que faltaram no primeiro pedido. O estudo é feito com 14 mil crianças e adolescentes de 6 meses a 17 anos, em diversos países (China, África do Sul, Chile, Malásia e Filipinas), e os dados preliminares foram encaminhados à Anvisa. Foi com base neste teste que o órgão tomou a decisão.

Segundo Gustavo Mendes, gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa, faltam informações sobre os estudos com crianças entre 3 e 5 anos. "Nossa sugestão é que somente crianças de 6 a 17 anos sejam vacinadas, desde que não sejam imunocomprometidas. São os dados que temos maior informação e maior sugestão de desempenho. E isso é corroborado pelas sociedades médicas", disse ele durante a reunião da Anvisa, na manhã desta quinta-feira.

Ainda de acordo com Mendes, existe a necessidade de acompanhar os estudos feitos globalmente com a Coronavac. Um dado preliminar mostra que após seis meses há uma queda nos anticorpos capazes de neutralizar o coronavírus. A mesma informação já foi observada com outras vacinas, sendo necessária a dose de reforço. Também há a necessidade de receber os dados finalizados dos estudos de fase três.

Em seu voto, Meiruze Freitas, diretora da Anvisa, lembrou que a Coronavac é usada em mais de 110 países, sendo a mais aplicada globalmente, com cerca de 1 bilhão de pessoas imunizadas. "A vacina foi significativamente efetiva contra hospitalizações, internações em UTIs e óbitos na população pediátrica", disse.

Queiroga diz que "vai avaliar" compra

A Anvisa autorizou, em dezembro do ano passado, o uso da vacina da Pfizer em crianças entre 5 e 11 anos. O governo federal já recebeu aproximadamente 2,5 milhões de doses da vacina pediátrica da Pfizer. Um novo lote, com 1,8 milhão, está previsto para chegar no dia 24 de janeiro. A aplicação é realizada em todo o Brasil desde o último fim de semana, começando pelas crianças com comorbidades.

Na segunda-feira, 17, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que assim que a Anvisa liberasse a vacina pediátrica da Coronavac, a pasta “iria avaliar” para que o imunizante fosse disponibilizado dentro do Programa Nacional de Imunizações. Até o momento, não há acordo entre o governo federal e o laboratório paulista.

Butantan tem 15 milhões de doses prontas

O Instituto Butantan tem 15 milhões de doses da vacina contra a covid-19 para o uso em crianças e adolescentes prontas para serem distribuídas aos estados. Em entrevista coletiva, na quarta-feira, 19, o governador de São Paulo, João Doria (SP), disse que o uso da vacina seria feito imediatamente após o aval da Anvisa.

Segundo o presidente do Butantan, Dimas Covas, ainda não há nenhum acordo para o fornecimento da vacina pediátrica ao Ministério da Saúde, mas o laboratório paulista “está aberto” a firmar novos acordos com o governo federal.

Na conta do Butantan, 10 milhões estão reservadas ao governo de São Paulo — que pretende vacinar todas as crianças do estado — e as outras 5 milhões podem ser distribuídas ao governo federal e da mesma forma a outros estados. Por enquanto, não há compra por parte de outras unidades federativas.

Vacina é a mesma usada em adultos

Diferentemente da vacina da Pfizer, que tem uma fórmula específica para as crianças (cerca de um terço da adulta), a Coronavac é a mesma utilizada para a população pediátrica. O esquema vacinal também é o mesmo para menores de 18 anos, com duas doses, e intervalo de duas a quatro semanas. Isso poderia ajudar a acelerar a vacinação, uma vez que estados têm estoques de Coronavac.

Para adultos, a vacina do Butantan está autorizada desde o dia 17 de janeiro de 2021, de forma emergencial. O laboratório paulista nunca fez o pedido de uso definitivo, por isso, a Anvisa precisou fazer uma avaliação separada para a aplicação em crianças, conforme a legislação.

O imunizante, desenvolvido em parceria com o laboratório chinês Sinovac, é utilizado em crianças em diversos países do mundo, como Chile e Indonésia. Somente na China, mais de 140 milhões de crianças de três a 11 anos já receberam a vacina.

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