Um documento feito por técnicos da agência reforçou a recomendação de proibição, rebatida por alguns médicos e usuários dos comprimidos (stock.XCHNG)
Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 21h59.
Brasília - Pressionada por médicos e farmacêuticos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recuou e adiou a decisão sobre a proibição da venda de medicamentos usados para emagrecimento no Brasil. Diante do bombardeio que a proposta sofreu hoje, durante audiência pública, a Anvisa já não fala mais em um prazo para bater martelo sobre o assunto. Antes da reunião, a informação era de que uma resolução sobre tema seria publicada ainda no início de março.
"Não há prazo para definição", admitiu hoje o presidente da Anvisa, Dirceu Barbano. "Vamos discutir o assunto até que todas as dúvidas sejam esclarecidas." Hoje, depois de mais de cinco horas de audiência, a representante da Anvisa Maria Eugênia Cury sinalizou a possibilidade de novas rodadas de discussão. "Talvez essa não seja a última", afirmou.
A proibição do da venda dos remédios anfepramona, femproporex, mazindol e sibutramina foi recomendada à Anvisa pela Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme), grupo de especialistas consultores da agência. Um documento feito por técnicos da agência reforçou a recomendação de proibição.
No documento, integrantes listam uma série de riscos provocados pelos remédio e colocam em dúvida a eficácia das drogas. "Quem contesta essas informações precisa apresentar dados convincentes que demonstrem o contrário", afirmou Barbano.
A presidente da Associação Brasileira para Estudo de Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Rosana Radominski, garantiu que a retirada dos medicamentos traria um grande prejuízo para pacientes. "As pesquisas analisadas pelo relatório da Anvisa foram as mesmas que nós avaliamos para fazer o consenso. Nós, porém, tiramos conclusões distintas. Remédios podem ser usados, desde que com indicação correta", afirmou.
O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Ricardo Meirelles, reconheceu que medicamentos avaliados apresentam efeitos colaterais. "Mas são até em pequena quantidade, diante do tempo da droga no mercado e do grande número de pessoas que fizeram uso da medicação", completou.
Médicos acusaram o documento da Anvisa de ser tendencioso por buscar apenas conclusões negativas. Integrante da Cateme, o médico da Universidade de São Paulo Anthony Wong, defendeu a retirada das drogas. "As informações sobre riscos são incontestáveis. Tanto é que medicamentos estão proibidos na Europa e Ásia", disse. Nos Estados Unidos, apenas anfepramona mantém registro.