Brasil

Anticiclone que causou chuvas no RS criou 'domo invisível' que provoca calorão no Rio; entenda

O anticiclone é um sistema de pressão do ar muito elevada, estacionado a 5.000 metros de altitude e que há cerca de um mês fez morada sobre o estado

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 4 de maio de 2024 às 13h45.

O estado do Rio está no olho do anticiclone que faz ferver o Sudeste e o Centro-Oeste e contribui para a chuva que devasta o Rio Grande do Sul. O anticiclone é um sistema de pressão do ar muito elevada, estacionado a 5.000 metros de altitude e que há cerca de um mês fez morada sobre o estado.

O fenômeno comprime, esquenta e seca o ar dentro dele. E impede a passagem de frentes frias. Não à toa, o município do Rio de Janeiro tem sido a capital do país mais quente em ondas de calor recentes, com temperaturas máximas até 8 graus Celsius acima da média.

O olho do anticiclone ou domo quente está parado há quase um mês sobre o Rio, explica o professor de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Wallace Menezes. E deve permanecer travando o tempo pelo menos até o dia 8.

"O anticiclone provoca um efeito absurdo de aquecimento. E o Rio está na região de aquecimento máximo. Tudo está conectado e esse anticiclone tem bastante culpa pela chuva no Sul. A atmosfera está toda paralisada por ele numa enorme área. A umidade está o tempo inteiro sendo escoada para o Sul",  afirma Menezes.

O calor fica concentrado dentro do domo quente e a umidade de frentes frias é retida mais ao sul, em suas bordas, como se batesse num escudo invisível. Desta vez, suas bordas estão bem mais ao sul, concentrando nuvens e fazendo com que a chuva desabe sobre o Rio Grande do Sul.

Pelo menos até o dia 8, o município do Rio, que ainda sofre com os efeitos de ilha de calor urbana (emissões, concreto e asfalto elevam a temperatura local), deve continuar a figurar entre os lugares mais quentes do país. A temperatura deve permanecer à frente de cidades do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, normalmente mais tórridas.

Um domo quente é invisível. Diferentemente de outros fenômenos meteorológicos, não pode ser visto como a chuva nem faz mover as coisas como o vento. Esses sistemas de alta pressão cobrem milhares de quilômetros. São sistemas de ventos que se formam a cerca de 5 mil metros de altura e no Hemisfério Sul giram em sentido anti-horário.

Eles existem normalmente na atmosfera, se deslocando pelo planeta. Fazem parte do clima global. O problema é quando se intensificam e estacionam em determinada região. Quando isso ocorre, eles param o tempo.

Nas ondas de calor deste ano, o anticiclone se posicionou sobre o Rio de Janeiro ou outros estados do Sudeste. Segundo Menezes, o centro do anticiclone, a zona mais quente, tem estado sempre muito perto do Rio. Já na primavera de 2023 parou sobre o Centro-Oeste, também levando a recordes de temperatura.

Acompanhe tudo sobre:ClimaCalorChuvasRio Grande do Sul

Mais de Brasil

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos

Há espaço na política para uma mulher de voz mansa e que leva as coisas a sério, diz Tabata Amaral