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ANS quer aumentar participação de operadoras na promoção do parto normal

Programa Parto Adequado já conta com 62 operadoras comprometidas com processo de redução de cesarianas

Gravidez: número de partos normais entre 127 hospitais participantes de projeto cresceu 6,3% em 2017 (Loic Venance/AFP)

Gravidez: número de partos normais entre 127 hospitais participantes de projeto cresceu 6,3% em 2017 (Loic Venance/AFP)

AB

Agência Brasil

Publicado em 3 de abril de 2018 às 22h43.

A Agência Nacional de Saúde (ANS) quer aumentar a participação das operadoras de planos de saúde na promoção de partos normais.

A partir do programa Parto Adequado, 62 das operadoras já estão engajadas no processo de redução do número de cesáreas na rede particular de saúde.

Cada uma dessas companhias tem ao menos um hospital credenciado incluído no programa, que disponibiliza infraestrutura e orienta médicos e gestantes sobre a escolha do modelo de parto.

Segundo a gerente do programa na ANS, Ana Paula Cavalcanti, a ideia é que, além de incluir mais maternidades no projeto, as operadoras também tenham ações para toda a rede de conveniadas. "Além de expandir, monitorar os resultados no conjunto das suas beneficiárias, fazer indução em toda a rede de maternidades", disse.

Resultados

Em 2017, quando foi implementada a segunda fase do programa, o número de partos normais cresceu 6,3%, com grande probabilidade de não ter as condicionantes que indicariam a necessidade de uma cesárea. Entre as mulheres nos 127 hospitais participantes do projeto, o percentual de partos vaginais chegou a 47%. Entre os itens de classificação usados para identificar as gestantes pertencentes a este grupo estão o número de filhos, a quantidade e posicionamento dos fetos e o período de gravidez. A metodologia foi desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde.

As cesáreas desnecessárias acabam tendo efeitos negativos para a recuperação tanto da mãe quanto do bebê. "O que acontece na cesárea desnecessária? Ela é marcada antes do trabalho de parto. A mãe não está preparada, o bebê não está preparado. O pós-operatório da mãe é muito pior do que se ela tivesse um trabalho de parto, e um parto normal", disse a coordenadora do projeto, no hospital Albert Einstein, Rita Sanchez. A instituição é um dos parceiros na construção da iniciativa.

A médica destacou que, segundo a OMS, o número de partos nos quais a cesárea seria o método mais indicado é de cerca de 15%. No entanto, ela afirmou que esse percentual chega a 85% na rede de saúde privada. "A OMS preconiza que nós precisamos só de 15% de cesáreas. Existem várias publicações novas e várias discussões chegando em torno de 20% e 25% como patamar razoável."

Para aumentar o número de partos normais, um dos pontos fundamentais, de acordo com Rita, é mudar o paradigma da cesárea entre os profissionais de saúde. "Fazer a revisão de todos os protocolos. Para aqueles que estão fazendo só cesárea nas últimas três décadas adquirirem novamente confiança no parto normal."

O diretor do Institute for Healthcare Improvement, Paulo Borem, disse que, durante a implementação, do projeto a equipe constatou que, pelo lado das gestantes, é o próprio desenho do sistema de saúde que impulsiona a preferência pelos partos cesárea.

"Percebemos que, na verdade, a maioria das gestantes do início da gestação queriam o parto vaginal, mas mudavam a cabeça a partir do primeiro contato com o sistema de saúde. Como o sistema de saúde foi, ao longo dos anos, sendo desenhado para entregar cesarianas, o sistema de saúde não quer assistir um parto vaginal, porque incomoda toda a estrutura que foi criada em torno da cesariana", afirmou.

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