Idoso anda de bicicleta em parque: país tem aproximadamente 1,4 mil geriatras para atender em torno de 24 milhões de idosos (um para cada 17 mil) (Marcos Santos/USP Imagens/Fotos Publicas)
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2016 às 19h31.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apresentou hoje (24), no Rio de Janeiro, projeto de mudança no atendimento a idosos na rede privada. De acordo com a agência, o “Projeto idoso bem cuidado” pretende tornar mais eficiente a assistência médica a pacientes com 60 anos ou mais, que representam 12,5% dos cerca de 50 milhões de usuários de assistência de saúde privada.
A agência sugere um novo modelo de atendimento aos idosos em que o hospital e a emergência deixam de ser a porta de entrada do sistema de saúde e são substituídos por uma equipe funcional específica para atender a esse público.
Outra proposta da ANS é a contratação de um profissional com a responsabilidade de conduzir e acompanhar a passagem do paciente pela rede de saúde, promovendo o diálogo entre prestadores e operadoras por meio de aplicativo ou registro em papel que permita a portabilidade de dados essenciais em saúde.
A diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira, disse que o novo modelo de atendimento traz níveis hierarquizados de cuidado com o paciente idoso: acolhimento, núcleo integrado de cuidado, ambulatório geriátrico e cuidados complexos de curta duração e longa duração. “O reconhecimento precoce do risco, a fim de reduzir o impacto das condições crônicas na funcionalidade, permite monitorar a saúde e não a doença, com a possibilidade de postergá-la, a fim de que o idoso possa usufruir seu tempo a mais de vida.”
Eficiência
O presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), João Bastos Freire Neto, elogiou a iniciativa de tratar o idoso de maneira integral e não apenas com foco na doença. Se implementado, ele acredita que o modelo vai evitar a sobreposição de exames, medicamentos e desarticulação das intervenções em saúde nessa faixa etária.
“Ainda falta qualidade da informação que passa pelo sistema de saúde. É preciso investir em tecnologia para que o idoso transite pelo serviço sabendo da condição de saúde dele. Outro grande desafio é a falta de profissionais capacitados em saúde do idoso. Menos da metade das escolas de medicina tem no programa pedagógico a geriatria e a gerontologia.”
O país tem aproximadamente 1,4 mil geriatras para atender em torno de 24 milhões de idosos (um para cada 17 mil). O número adequado, segundo a ANS, é de um geriatra para cada mil idosos. “Todo profissional da saúde precisa aprender sobre saúde do idoso na graduação. A maior parte da demanda dos idosos pode ser resolvida por um médico que não o especialista”, ponderou Freire Neto.
Embora não seja uma obrigação dos planos privados, Freire Neto ressaltou que algumas operadoras já implantaram modelo similar ao proposto pela ANS e têm obtido melhores resultados assistenciais e econômico-financeiros. “A partir do momento em que esses modelos forem replicados e ampliados, as operadoras vão enxergar que essa é uma boa possibilidade de atuação, pois hoje o resultado é ruim, o modelo de assistência é caótico, o que gera desperdício de recurso."