Etanol: necessidade de importação, enquanto o parque de refino da Petrobras é insuficiente para atender toda a demanda, dependerá do volume de produção etanol (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de março de 2014 às 14h44.
São Paulo - O consumo total de combustíveis no Brasil deverá crescer entre 4 e 5 por cento em 2014, após um crescimento dessa grandeza em 2013, estimou nesta quarta-feira a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), durante evento no Rio de Janeiro.
"O ano está só começando, mas imaginamos um consumo em linha com o do ano passado, ou seja, um crescimento no mesmo ritmo e com o mesmo perfil, com necessidade de importação de óleo diesel e gasolina para atender a demanda interna", disse o superintendente de Abastecimento da ANP, Aurélio Amaral, em entrevista durante evento da agência sobre o tema.
Ele acrescentou que a necessidade de importação, enquanto o parque de refino da Petrobras é insuficiente para atender toda a demanda, dependerá do volume de produção etanol do país e também do crescimento da frota de veículos --a associação da indústria (Anfavea) estima um aumento de 1 por cento nas vendas em 2014.
O consumo total de combustíveis no país somou 136,210 bilhões de litros em 2013, alta de 5 por cento ante 2012, com aumento baseado em elevações da demanda de diesel (+4,6 por cento), gasolina C (+4,2 por cento) e etanol (anidro e hidratado), com avanço de 18,8 por cento.
As vendas de diesel, o combustível de maior consumo no país, somaram 58,489 bilhões de litros. A comercialização de gasolina C (com adição de etanol anidro) foi de 41,365 bilhões de litros.
"Com o aumento do teor de adição de etanol anidro à gasolina A (para composição da gasolina C vendida ao consumidor) de 20 por cento para 25 por cento em maio de 2013, a demanda de etanol anidro automotivo aumentou 30,2 por cento", disse a ANP em nota.
O consumo de etanol hidratado (utilizado pelos veículos flex) no Brasil aumentou 9,5 por cento, para 10,78 bilhões de litros em 2013, permitindo um recuo nas importações de gasolina do país.
A maior oferta de etanol, com as usinas do centro-sul privilegiando a produção do biocombustível em detrimento do açúcar, reduziu a importação de gasolina em 2013 em 1,1 bilhão de litros, disse o superintendente de Abastecimento da ANP.
Para 2014, as primeiras indicações apontam para uma produção de etanol perto da estabilidade no centro-sul, em meio à quebra de safra de cana por conta do clima seco.
Já as importações de diesel em 2013 cresceram na esteira do crescimento do consumo. O Brasil elevou a importação de diesel em 2013 em cerca de 2,3 bilhões de litros ante 2012, segundo a ANP.
A maior demanda por esse combustível fóssil também impulsionou as vendas de biodiesel (misturado na proporção de 5 por cento ao diesel) em 5,9 por cento, para 2,92 bilhões de litros em 2013.
No mesmo evento, o diretor da ANP Florival Carvalho disse que Brasil deverá deixar de importar diesel em dois ou três anos com a operação de dois trens da Refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco.