Queima de fogos na praia de Copacabana, Réveillon Rio 2019 (© Gabriel Monteiro/SECOM/Agência Brasil)
Agência O Globo
Publicado em 27 de dezembro de 2021 às 12h33.
Última atualização em 27 de dezembro de 2021 às 12h47.
Em contagem regressiva para 2022, 38 técnicos de sete estados trabalham desde a semana passada em um estaleiro na Ilha do Governador, na montagem das balsas que serão usadas no show pirotécnico na virada do ano, na Praia de Copacabana. Nesta segunda-feira, os técnicos começam a instalar 23.900 bombas em tubos de fibra de vidro. Até este domingo, eles cuidavam da infraestrutura para acomodar os fogos. Além dos tubos, desde o dia 24, eles instalam fios elétricos, grades entre outros materiais a ser dispostos nas dez balsas. Boa parte da equipe passou o Natal longe da família. Tudo tem de estar pronto até quinta-feira, dia 30, quando está prevista a vistoria final dos preparativos, por parte de autoridades. Os detalhes da parte artística do espetáculo pirotécnico ainda são um segredo.
"O que posso antecipar é que será um espetáculo muito colorido, com alguns efeitos que jamais usamos na Praia de Copacabana. A ideia é que, independentemente do ponto da praia, seja possível observar os mesmos efeitos simultaneamente", diz o empresário José Orca, da Vision Show, sócio da empresa responsável por fornecer os fogos de Copacabana pelo quinto ano.
A empresa também faria a festa de 2020\2021, mas o evento foi cancelado devido à pandemia do covid-19. A Vision Show também foi responsável pelas últimas queimas de fogos do Rock in Rio.
Na tarde deste domingo, Orca ainda acertava com os técnicos os detalhes da sequência de detonações. Ele conta que foram desenhados planos A, B e C para que tudo ocorra como planejado. O plano A é detonar as bombas à meia-noite via satélite. Se o sistema falhar, caberá a técnicos que estarão abrigados em um local fechado nas balsas. Se tudo der errado, o plano C é detonar os explosivos, via Wi-Fi, de um ponto na areia de Copacabana. A previsão é que o espetáculo dure 16 minutos. As detonações terão uma trilha sonora ao fundo que poderão ser ouvidas de 25 torres de som espalhadas pela orla.
"Como todo show que organizamos, a adrenalina está à flor da pele nos dias anteriores ao evento. E a tensão e a expectativa são ainda maiores neste ano, após todo sofrimento com a pandemia ao longo de 2020 e 2021", acrescentou Orca.
A maior parte dos fogos foi fabricada na Europa e na China. O material chegou ao Rio em caminhões do depósito da empresa em Florianópolis no dia 20. As balsas, que tiveram todo o combustível esvaziado para evitar o risco de explosões, serão levadas por rebocadores para a praia de Copacabana nos primeiros minutos do dia 31. O custo do show pirotécnico não foi divulgado. Como em outros anos, a empresa é contratada pela SR Com, que venceu a licitação promovida pela Riotur para escolher quem organizaria a parte artística da festa. A SR Com vai receber 9,3 milhões de reais, sendo que 3 milhões de reais de patrocinadores e outros 6,3 milhões de reais serão da prefeitura. Os patrocínios foram conseguidos em cima da hora da ´concessionária Águas do Rio (2 milhões de reais) e do Sesc-Rio (1 milhão de reais).
O formato do Réveillon pensado pela SR Com também mudou por causa da pandemia. Não haverá shows nem reforço no transporte público, numa tentativa de reduzir as aglomerações. O Metrô fechará mais cedo no dia 31 e não será permitida a entrada de veículos fretados na cidade. Ao todo, serão dez pontos de queima de fogos nos bairros.
A tecnologia indica como a festa evoluiu. Até 2000\2001, quando a queima de fogos foi realizada pela última vez na areia, a detonação era manual. Na ocasião, uma pessoa morreu e 50 ficaram feridas atingidas por fagulhas em Copacabana. Não ficou provado que o acidente ocorreu na queima oficial. mas a partir do ano seguinte, as detonações passaram para balsas, por medida de segurança.
Mesmo as bombas sendo acionadas à distância, aconteceram algumas gafes ao longo dos anos. Na virada 2007\2008, o fogueteiro iniciou a queima de fogos antes da hora em Copacabana.
Antes, na virada de 2004\2005, quem estava em Copacabana mal conseguiu aproveitar o show. Por condições climáticas não previstas pela empresa argentina que fez o espetáculo, o bairro foi coberto nos primeiros minutos por uma espessa nuvem de fumaça. A partir daí, foram criados planos de contingência para alterar as sequências de detonações, se necessário.