Angola: país foi eleito em outubro de 2014 para um mandato de dois anos como membro não-permanente no Conselho de Segurança, com o apoio do Brasil (Simon Dawson/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 4 de janeiro de 2015 às 16h44.
Brasília - Em visita oficial a Brasília para participar das cerimônias de posse da presidenta Dilma Rousseff e também do novo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o chanceler de Angola, Georges Chikoti, disse que seu país defende uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas e apoia o Brasil no pleito de uma vaga permanente no organismo internacional. Angola foi eleita, em outubro de 2014, para um mandato de dois anos como membro não-permanente no Conselho de Segurança, com o apoio do Brasil.
“Estamos interessados na reforma do Conselho de Segurança e esperamos que, nos próximos três a cinco anos, possa haver uma posição sólida sobre aquilo que virá a ser o futuro do conselho no seu todo, para que haja novos países, novas regiões representadas como membros permanentes. Vemos o Brasil como um potencial membro permanente pelo seu crescimento, pelo seu envolvimento nas questões internacionais e acho que se justifica a posição do Brasil sobre a reforma”, disse o ministro das Relações Exteriores angolano à Agência Brasil.
Na cerimônia em que recebeu o cargo, Mauro Vieira disse que “o apelo por uma sociedade mundial mais justa e coesa, menos hierárquica, corresponde à luta do Brasil e de tantas nações por criar, dentro de suas próprias fronteiras, uma sociedade democrática e participativa” e que “esse sempre foi e continuará sendo o sentido do engajamento do Brasil para ajudar na busca de uma fórmula que viabilize a reforma do Conselho de Segurança, de modo a torná-lo mais representativo e legítimo e, portanto, mais eficiente”.
Único órgão do sistema internacional capaz de adotar decisões obrigatórias para todos os países integrantes da ONU, podendo, inclusive, autorizar intervenção militar para garantir a execução de suas resoluções, o Conselho é composto por cinco membros permanentes - Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China - e dez rotativos, trocados a cada dois anos. O poder do assento permanente é tanto que o voto negativo de um dos cinco configura veto a uma eventual resolução do Conselho.
Uma proposta defendida pelo G4, grupo formado por Brasil, Alemanha, Japão e Índia, que tem o objetivo de conquistar assento permanente no conselho, é a de expansão do número de membros permanentes de cinco para dez, com a entrada dos quatro e mais uma nação da África. De acordo com o G4, as dificuldades do Conselho de Segurança em lidar com os desafios internacionais em busca da paz reforçam a necessidade de reforma do órgão, buscando torná-lo amplamente representativo e transparente.
Além da parceria na defesa da reforma do Conselho de Segurança, Chidok disse que as relações entre Brasil e Angola são excelentes, com vários acordos de cooperação assinados em diversas áreas, entre eles um assinado recentemente de apoio a pequenas empresas angolanas. “Temos neste momento quase 400 estudantes estudando no Brasil, temos uma cooperação cultural muito ativa, acho que no plano econômico o Brasil tem sido um dos grandes parceiros na reconstrução nacional de Angola e os próximos anos também vão indicar uma boa cooperação entre Angola e o Brasil”.
As trocas comerciais entre os dois países atingiram US$ 2 bilhões em 2013 e, entre janeiro e outubro de 2014, tinham ultrapassado esse valor. As importações de produtos angolanos pelo Brasil, que em 2013 chegaram a US$ 726 milhões, se concentram basicamente em petróleo e gás natural. As exportações para Angola são bastante diversificadas, compostas de uma lista com mais de 100 produtos brasileiros, entre os quais se destacam açúcar, carnes suína, bovina e de frango e calçados de borracha.