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Andrade Gutierrez pagou propina ao PMDB, afirma ex-diretor

Segundo Paulo Roberto Costa, os valores foram "cobrados e geridos" por Fernando Baiano, apontado como lobista e um dos operadores do partido no esquema.


	O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa
 (Geraldo Magela/Agência Senado)

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa (Geraldo Magela/Agência Senado)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2015 às 08h00.

São Paulo - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou em depoimento da delação premiada que a empreiteira Andrade Gutierrez pagou propinas para o PMDB. Segundo Costa, os valores foram "cobrados e geridos" pelo empresário Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como lobista e um dos operadores do partido no esquema de corrupção que se instalou na estatal.

O delator afirmou à Polícia Federal, em relato de 7 de setembro de 2014, que a partir de 2008 ou 2009 a cobrança à Andrade Gutierrez passou a ser feita por Fernando Baiano, não mais pelo doleiro Alberto Youssef - personagem central da Lava Jato que também assinou acordo de delação premiada por meio do qual decidiu colaborar em troca de pena máxima de cinco anos de prisão.

Paulo Roberto Costa contou que a empreiteira, mesmo após "ganhar algum contrato" da Petrobras sob responsabilidade de sua diretoria "custava a depositar o valor devido ao PP".

Costa foi indicado para o comando da Abastecimento em 2004 pelo então deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010. O PP, segundo o delator, era o destinatário de porcentual sobre contratos fraudulentos da diretoria de Abastecimento. O esquema de desvios na Petrobras revelado pela Lava Jato consistia no loteamento de indicados de partidos nas diretorias da estatal para receber propinas com o objetivo de abastecer as respectivas siglas.

Troca

A propina era cobrada em porcentuais dos valores dos contratos de cada diretoria. Com a substituição de Youssef na cobrança da propina à Andrade Gutierrez por Fernando Baiano, o PMDB passou a ser contemplado com a propina da diretoria.

Ele relatou ainda que acreditava que essa mudança ocorreu devido à "proximidade" de Fernando Baiano com o empreiteiro Otávio Azevedo, presidente da holding Andrade Gutierrez. O ex-diretor declarou ainda que o lobista "tem algum negócio em comum" com Azevedo.

Em nota oficial, a Andrade Gutierrez contestou com veemência a versão do delator da Lava Jato Paulo Roberto Costa.

A empresa afirmou, na nota, que nunca fez parte de qualquer acordo de favorecimento envolvendo partidos políticos.

"A Andrade Gutierrez nega e repudia as acusações - baseadas em ilações e não fatos concretos - feitas pelo sr. Paulo Roberto Costa em seu depoimento divulgado hoje (23) e afirma, como vem fazendo desde o início das investigações, que nunca fez parte de qualquer acordo de favorecimento envolvendo partidos políticos, a Petrobras e a empresa. Cabe lembrar que em depoimentos já concedidos à Polícia Federal pelos srs. Alberto Youssef e Fernando Soares e divulgados pela imprensa, os mesmos deixaram claro que não há qualquer envolvimento da companhia e seus executivos com os assuntos relacionados às investigações da Operação Lava Jato. A Andrade Gutierrez reitera mais um vez que não tem ou teve qualquer envolvimento com os fatos relacionados com as investigações em curso."

Em depoimentos à Polícia Federal, Fernando Baiano negou que tenha pago propina na Petrobras. O criminalista Nélio Machado, que o defende, afirmou que só vai se manifestar sobre o teor dos depoimentos de Paulo Roberto Costa no âmbito de seu acordo de delação após ter acesso à íntegra do teor dos depoimentos.

O partido vem negando que tenha participado do esquema de pagamento de propinas na Petrobras e também nega que Fernando Baiano seja operador da sigla. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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