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Anatel teria dificuldades técnicas para barrar Starlink no Brasil se Justiça decidir pelo bloqueio

Em caso extremo de cassação da outorga da operação da empresa, agência poderia lacrar estações terrestres de serviço por satélite

Agência o Globo
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Publicado em 3 de setembro de 2024 às 06h55.

Última atualização em 3 de setembro de 2024 às 06h58.

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A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não garante que conseguiria barrar a operação da Starlink no Brasil em caso de suspensão dos serviços por medida judicial ou mesmo cassação da outorga de operação. O funcionamento via satélite é um complicador que poderia inviabilizar o corte completo da internet fornecida pela empresa no Brasil.

O conselheiro diretor Artur Coimbra de Oliveira, que falou pela agência, explicou que a ação teria que ser feita nas estações terrenas (chamadas de gateway) da empresa, que totalizam 20 no Brasil. Segundo ele, a comunicação da Starlink é feita entre os terminais dos usuários, em suas casas, os satélites e essas estações terrestres.

"A gente tem instrumentos necessários para, se não barrar totalmente, prejudicar a operação e funcionalidade do serviço. Isso seria feito por meio de um processo de lacrar as estações terrenas no Brasil. Nós lacraríamos as estações para que elas não operassem mais. A operação poderia ficar muito prejudicada, se não ficasse totalmente inviabilizada", explicou.

Perguntado sobre um dado concreto sobre o nível de prejuízo da operação da Starlink em um caso extremo como este, com o isolamento das estações terrenas, Coimbra afirmou que é difícil dimensionar, e que a situação seria vista na prática.

A Starlink cobre hoje todo o território nacional, porém é mais usada em regiões remotas onde a internet de fibra ótica não está disponível, como na Amazônia. São 200 mil pontos de acessos à internet em todo país. Cada acesso é uma antena instalada que pode ter mais de um usuário.

A possibilidade de revogação da outorga da Starlink é hipotética, mas tem sido discutida diante da recusa da empresa em cumprir a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de suspender o acesso dos seus usuários à rede social X. Tanto a Starlink quanto o X possuem participação acionária do bilionário Elon Musk, que entrou em rota de colisão com o ministro nas redes.

Artur Coimbra de Oliveira explicou que, caso a empresa mantenha a recusa em cumprir a determinação, a Anatel pode abrir um procedimento por descumprimento de obrigações. Com isso, podem ser aplicadas algumas sanções, que vão desde advertência até a extinção da outorga da empresa.

"É difícil antecipar qual seria a sanção. O processo dura alguns meses, e só então teríamos uma decisão em primeira instância", explicou.

Na segunda-feira, a Anatel ainda estava concluindo o processo de fiscalização para checar quais operadoras ainda não haviam cumprido a decisão de Moraes, comunicada a elas ainda na sexta-feira. No total, o país possui 21 mil operadoras de internet.

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