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Analistas estrangeiros não esperam grande avanço no lado fical pós-eleições

Lula ou Bolsonaro devem enfrentar ambiente desafiador, se eleitos; para Oxford Economics, nenhum dos dois conseguirá "melhorar significativamente o padrão de vida no Brasil"

Palácio do Planalto (Reprodução/Wikimedia Commons)

Palácio do Planalto (Reprodução/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de outubro de 2022 às 12h29.

Última atualização em 2 de outubro de 2022 às 13h07.

Bancos e consultorias estrangeiros avaliam que o próximo governo no Brasil terá de enfrentar um quadro fiscal desafiador que deve limitar os avanços na pauta econômica e os ganhos de investidores. O cenário é atribuído tanto a uma possível vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto à eventual reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

Além do quadro fiscal doméstico, há foco na perspectiva exterior menos favorável, com commodities menos valorizadas e aperto monetário agressivo nas principais economias do mundo.

Na visão da Oxford Economics, Lula e Bolsonaro "não conseguirão melhorar significativamente o padrão de vida no Brasil" ao longo dos próximos quatro anos. A consultoria estima que ambos os candidatos não tenham maioria no Congresso, caso eleitos, o que dificultará a aprovação de reformas.

A casa também alerta que o petista e o atual presidente pretendem flexibilizar as regras fiscais no país, ao substituir o teto de gastos por uma arcabouço fiscal mais permissivo. No momento, porém, o Brasil precisa de uma regra "mais rigorosa, e não mais flexível", avalia a Oxford.

O cenário base da consultoria é de vitória de Lula e adoção de "mudanças modestas" nas políticas fiscal e monetária, "já que o atual ambiente externo de dólar forte reduz as chances de que investidores sejam complacentes com medidas populistas".

Em termos econômicos, as eleições deste ano não são tão "binárias" como em outras oportunidades, já que tanto Lula quanto Bolsonaro teriam de enfrentar desafios fiscais e políticos similares, argumenta o Barclays.

Em relatório, o banco britânico diz esperar "algum barulho" nos mercados em meio às discussões sobre o orçamento no fim deste ano. Um risco a investidores, segundo o Barclays, vem da possibilidade de Bolsonaro não aceitar o resultado das eleições, caso Lula saia vitorioso. A transferência de poder, no entanto, deve ocorrer, já que os principais atores políticos no País não dão crédito às falas do presidente, completa.

Já a Capital Economics ressalta que os ganhos de investidores em um novo governo Lula não devem ser tão expressivos quanto nos dois mandatos anteriores, entre 2003 e 2010.

A casa credita sua previsão aos "grandes desafios fiscais" do País e posições não tão favoráveis dos ativos domésticos, como spreads de títulos em dólar "não muito amplos" e ações brasileiras que "não parecem subvalorizadas".

Uma ameaça ainda maior, porém, vem da perspectiva para os ganhos do País com commodities, diz a Capital. "Se estivermos certos, a economia global está agora caminhando para uma recessão, e os preços das commodities podem ser um vento contrário para os mercados brasileiros desta vez", resume.

Por fim, o Wells Fargo crê em vitória de Lula e diz que o ex-presidente deve ter perfil mais moderado durante o próximo governo. O banco americano lembra que os planos fiscais dos dois governos de Lula tiveram "um grau razoável de prudência fiscal", ainda que tenham elevado os gastos.

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