Ator Vinícius Romão, de 27 anos, que atuou na novela Lado a Lado, da Rede Globo (Reprodução/Facebook)
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2014 às 18h17.
Rio - A família e amigos do ator Vinícius Romão, de 27 anos, que atuou na novela Lado a Lado, da Rede Globo, iniciaram uma campanha nas redes sociais por sua libertação. Ele está preso desde o dia 10, acusado de ter assaltado uma mulher, no Méier, zona norte. Negro e com cabelo black power, eles alegam que Vinícius foi confundido com o assaltante.
"Meu filho foi completamente injustiçado, principalmente pelos policiais, que não apuraram nada. Só chegaram para a moça assaltada e disseram: 'Foi ele, não foi'? Ela acabou confirmando. Era apenas a palavra dela", disse o tenente-coronel da reserva do Exército Jair Romão, de 64 anos.
Jair contou que, depois da novela, o filho passou a trabalhar como vendedor no Norte Shopping. Ele saiu da loja Toulon depois das 22 horas, na segunda-feira, 10, e caminhava para casa, a cerca de 20 minutos dali. Quando estava sobre o Viaduto de Todos os Santos, foi abordado por PMs, que ordenaram que ele deitasse no chão. Vinicius foi revistado e levado algemado para a 25ª Delegacia de Polícia (Engenho Novo). Lá, foi reconhecido por uma copeira do Hospital Pasteur, assaltada naquela noite a 600 metros de onde Vinícius foi preso.
"Ela disse que o assaltante puxou a bolsa e pulou o muro da linha do trem. Só se meu filho fosse muito burro pra voltar para o mesmo lugar", afirmou Jair Romão. "Ele sempre trabalhou e acabou de se formar em psicologia. É um garoto muito calmo."
Nas redes sociais, amigos trocaram suas fotos de perfil pela de Vinícius. "Em pleno País da Copa do Mundo, preconceito racial é inaceitável. Meu amigo está preso por possuir a cor da pele semelhante a de um assaltante. Vinícius Romão, estamos todos com você", escreveu Monique Pereira.
O advogado Rubens Nogueira de Abreu, que defende Vinícius, pediu à Justiça a liberdade provisória do ator e requisitou que as imagens de prédios vizinhos ao hospital sejam analisadas. "Testemunhas disseram que o assaltante era um cracudo (pessoa viciada em crack), sem camisa, que carregava um saco. O que aconteceu foi uma barbaridade, um reconhecimento absolutamente inoportuno, com a vítima sob forte emoção. Com certeza, a prisão do Vinícius foi motivada por preconceito."
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil ainda não se manifestou sobre o caso.