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Amazônia: ONG vê maior desmatamento desde 2012

No Brasil e no exterior, a gestão Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido alvo de críticas por causa da alta do desmatamento e do número de incêndios

Bruno Kelly/Reuters (Bruno Kelly/Reuters)

Bruno Kelly/Reuters (Bruno Kelly/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de agosto de 2021 às 09h26.

Última atualização em 20 de agosto de 2021 às 13h40.

O desmatamento da floresta amazônica bateu novo recorde. De acordo com a ONG de pesquisa Imazon, a devastação acumulada nos últimos 12 meses é a maior desde 2012. De agosto de 2020 a julho deste ano, 10.476 km² da floresta tropical foram destruídos, área equivalente a nove vezes a cidade do Rio.

Os dados obtidos por meio do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) mostram que o acumulado é 57% maior em relação ao registrado entre agosto de 2019 e julho de 2020, quando 6.688 km² foram devastados. O recorde negativo se confirma em qualquer uma das análises possíveis. Em julho foram 2.095 km² desmatados, 80% a mais que no mesmo mês de 2020, segundo o Imazon. Essa área é maior que a cidade de São Paulo e representa o pior índice da década para julho.

O Estado do Pará encabeça a lista dos maiores desmatamentos do mês, com 37% do total. Ele é seguido por Amazonas (19%), Rondônia (15%), Acre (15%), Mato Grosso (10%) e Maranhão (4%). Quanto ao tipo de áreas atingidas, o desmatamento se deu da seguinte forma: terras privadas (63%), assentamentos (23%), Unidades de Conservação (11%) e Terras Indígenas (3%).

No Brasil e no exterior, a gestão Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido alvo de críticas por causa da alta do desmatamento e do número de incêndios. Como o Estadão mostrou, há entraves na fiscalização ambiental. Em 2019 e 2020, a média de processos com multas pagas por crimes que envolvem a vegetação nos Estados da Amazônia Legal despencou 93% na comparação com a média dos quatro anos anteriores.

No início do mês, os dados mais recentes do Deter, sistema de alerta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência, apontaram que o desmatamento acumulado entre agosto de 2020 e julho deste ano na Amazônia foi o segundo maior da gestão Bolsonaro e o terceiro maior da série histórica, iniciada em 2015.

A área de 8.712 km² registrada em alertas de desmate do Deter coloca o período 2020/2021 atrás apenas dos 9.216 km² desmatados entre agosto de 2019 e julho do ano passado, conforme os números dos últimos seis anos. Houve queda de 5,79% em relação ao ano anterior, que registrou recorde.

Procurados, o Ministério do Meio Ambiente e a Vice-Presidência da República - que ocupa a presidência do Conselho da Amazônia Legal - não se manifestaram até as 20h40.

Neste ano, após dois anos e meio no cargo, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, deixou o comando da pasta. Ele não resistiu ao desgaste provocado pelas suspeitas de envolvimento em um esquema ilegal de retirada e venda de madeira e se tornou alvo de inquérito, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Em seu lugar assumiu o então secretário da Amazônia e Serviços Ambientais, Joaquim Álvaro Pereira Leite.

Ameaça

O Cerrado é outro bioma sob pressão no País. Os dados de alertas Deter, do Inpe, indicam 661 km² de desmatamento em julho, totalizando 5.102 km² entre agosto de 2020 e o último mês - alta de quase 24% em relação ao ano anterior (2019-2020).

A destruição do Cerrado tem sérias consequências, pois ele desempenha papel essencial no apoio ao ciclo da água no Brasil, já que é fonte de oito das 12 bacias hidrográficas do País. O desmate contínuo reduz as chuvas e aumenta as temperaturas locais, colocando também em risco a vegetação remanescente e a produção de alimentos.

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