Nilton Lins é um dos donos do grupo empresarial que possui um hospital privado em Manaus (Sergio Moraes/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 2 de junho de 2021 às 11h05.
Um dos alvos de mandado de prisão temporária em cumprimento pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira, o empresário Nilton Costa Lins Júnior estava armado e recebeu a tiros os policiais federais durante a ação realizada em sua residência. Nenhum policial chegou a ser atingido, segundo fontes que acompanharam o caso, e o empresário acabou preso.
Nilton Lins é um dos donos do grupo empresarial que leva o nome de sua família e que possui um hospital privado em Manaus, que foi requisitado pelo governador do Amazonas Wilson Lima (PSC) para receber pacientes com Covid-19, sob um contrato de três meses no valor de R$ 2,6 milhões que previa a instalação de estrutura de hospital de campanha. Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), houve direcionamento à contratação do hospital privado, já que um outro hospital possuía estrutura pronta para receber ampliação de 300 leitos.
Na sessão de julgamento do Superior Tribunal de Justiça nesta quarta, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo comentou o caso.
-- Gostaria de comunicar que tivemos um incidente bastante sério. A Polícia Federal foi recebida a tiros pelo filho do Nilton Lins, em uma situação bastante constrangedora e perigosa. Nós também temos um foragido, que é o Marcellus Campello. Foi a primeira vez que eu, em 30 anos, vi alguém receber a tiros uma busca e apreensão determinada por um ministro - afirmou.
A PF também cumpriu busca e apreensão contra Wilson Lima e mandado de prisão temporária contra o secretário de Saúde Marcellus Campêlo, na quarta fase da Operação Sangria.
No início do ano, o empresário também se envolveu em outra polêmica sobre suspeitas de furar a fila da vacinação. Suas filhas Gabrielle Kirk Lins e Isabelle Kirk Lins postaram fotos em redes sociais se vacinando em janeiro, logo no início da aplicação do imunizante. As duas são médicas recém-formadas e tinham sido nomeadas em cargos comissionados na prefeitura de Manaus na véspera do início da vacinação na cidade, o que levantou suspeitas de que a nomeação ocorreu apenas para justificar a vacinação. O Ministério Público chegou a abrir procedimento para investigar os fatos.