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Alvo de críticas dos EUA, Brasil participa de celebração em navio do Irã no Rio

A entrada das embarcações iranianas na costa brasileira gerou mal-estar na relação diplomática do Brasil com os Estados Unidos que impõem sanções ao Irã alegando que o país comete atos de terrorismo e violações aos Direitos Humanos

Bandeira do Irã em Viena  (Lisi Niesner/Reuters)

Bandeira do Irã em Viena (Lisi Niesner/Reuters)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 3 de março de 2023 às 08h33.

Alvo de críticas dos Estados Unidos por receber navios da frota de guerra do Irã no Rio de Janeiro, o governo brasileiro enviou representantes para participar, na terça-feira, 28, de uma cerimônia em alusão aos 120 anos de relações diplomáticas entre os dois países. A solenidade a bordo da fragata Iris Dena - um dos dois navios iranianos ancorados no porto do Rio - da qual participaram oficiais da Marinha e integrantes do Itamaraty, não foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.

A entrada das embarcações iranianas na costa brasileira gerou mal-estar na relação diplomática do Brasil com os Estados Unidos que impõem sanções ao Irã alegando que o país comete atos de terrorismo e violações aos Direitos Humanos. "O Brasil é uma nação soberana, mas acreditamos firmemente que esses navios não devem atracar em lugar nenhum", disse a embaixadora Elizabeth Bagley no dia 15.

Nesta quarta-feira, 1º, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, reiterou a crítica. O governo de Israel também protestou. Lior Haiat, porta-voz do ministério das Relações Exteriores israelense, em nota no Twitter, chamou de "perigosa e lamentável" a ação brasileira.

A embaixada iraniana no Brasil afirmou que a visita é para comemorar os 120 anos de relações diplomáticas entre os dois países, como "uma mensagem de paz e amizade", e garantir rotas de comércio marítimo e combater crimes no mar.

Os navios chegaram ao Brasil no domingo, 26, e têm autorização para permanecer até esta sexta-feira, 3. O Itamaraty informou que não há pedidos para prorrogar a autorização.

A fragata Iris Dena escolta o Iris Makran, considerado um "monstro do mar", com 230 metros e cerca de 120 mil toneladas. Mais que um petroleiro convertido em porta-helicópteros, a embarcação pode lançar drones de grande porte, armados com mísseis ou de espionagem. Segundo o Departamento de Defesa americano, o Iris Makran abriga a bordo um avançado centro eletrônico de coleta de dados, escuta de comunicações e vigilância de área.

Porta-voz de Israel critica decisão: 'Lamentável'

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Israel, Lior Haiat, publicou uma nota no Twitter na qual chama de "perigosa e lamentável" a decisão brasileira de autorizar a entrada de dois navios de guerra do Irã no porto do Rio. "O Brasil não deve conceder nenhum favorecimento a um estado maligno, responsável por inúmeras violações dos Direitos Humanos contra seus próprios cidadãos, executando ataques terroristas em todo o mundo e proliferação de armas para organizações terroristas em todo o Oriente Médio." E completou: "Este é o momento de seguir os passos dados pela UE, EUA, Canadá, Austrália, Japão e muitos outros países, e se referir ao regime iraniano como o que realmente é: uma entidade terrorista".

A manifestação foi feita após críticas do governo americano à decisão brasileira. Os EUA sancionam o Irã, mas o Ministério das Relações Exteriores do Brasil não reconhece sanções unilaterais, apenas aquelas impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, o que impacta apenas comércio de armas e material nuclear.

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