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Lava Jato prende ex-presidente da Dersa em ação que mira Rodoanel

PF estima que esquema de corrupção levou a um sobrepreço de 131 milhões de reais nas obras do trecho norte do Rodoanel Mário Covas

Casagrande Lourenço, ex-secretário de Alckmin, é um dos alvos da Operação Pedra no Caminho, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 21, pela força tarefa da Lava Jato em São Paulo (Gilberto Marques/Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)

Casagrande Lourenço, ex-secretário de Alckmin, é um dos alvos da Operação Pedra no Caminho, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 21, pela força tarefa da Lava Jato em São Paulo (Gilberto Marques/Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de junho de 2018 às 12h07.

Última atualização em 21 de junho de 2018 às 18h08.

Ex-secretário de Transportes no governo de Geraldo Alckmin, Laurence Casagrande Lourenço foi preso nesta quinta-feira, 21, no âmbito da Operação Pedra no Caminho, braço da Lava Jato em São Paulo.  A investigação mira desvios em contratos do trecho Norte do Rodoanel Mário Covas, cujas obras foram iniciadas em 2013, quando Lourenço era presidente da Dersa. 

Atualmente, Lourenço é presidente da Companhia Energética de São Paulo. Ele foi secretário de Secretaria de Logística e Transportes entre maio do ano passado e abril deste ano e chegou a presidir a Dersa entre janeiro de 2011 e maio de 2017.

Relatório de 113 páginas, subscrito pelo delegado João Luiz Moraes Rosa, da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF em São Paulo, aponta suposto envolvimento do ex-secretário de Logística e Transportes do governo Alckmin em desvios e sobrepreços de até 131 milhões de reais.

A PF atribui a Laurence papel central no "núcleo administrativo" do grupo que teria ligação com as irregularidades. A Justiça Federal decretou a prisão de 15 suspeitos, entre eles Laurence.

Quem é Laurence Casagrande

Ligado a Saulo de Castro, secretário da Casa Civil e homem forte do ex-governador e pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, Casagrande Lourenço chegou ao governo de São Paulo em 2011, para ocupar presidência da Dersa.

Na ocasião, os tucanos queriam imprimir uma imagem de maior controle e transparência sobre a pasta, que foi alvo de denúncias durante a eleição anterior depois que o seu ex-diretor Paulo Vieira de Souza, mais conhecido como Paulo Preto, foi acusado por suposto desvio de recursos da campanha de José Serra. Uma de suas tarefas seria ajudar a revisão de contratos e licitações da pasta.

Antes disso, entre 2007 e 2010, ele ocupou o cargo de diretor da Kroll, uma agência de investigação que ficou conhecida no Brasil durante a CPI dos Grampos por supostamente ter praticado espionagens através de escutas ilegais. "A Kroll deu ao Laurence experiência na iniciativa privada, superfaturamento de contratos etc", disse Saulo na ocasião do anúncio de Casagrande Lourenço.

Na Dersa, o executivo coordenou a duplicação do trecho Planalto da Rodovia dos Tamoios, a implantação do Complexo Viário Polo Itaquera e as obras da Nova Tamoios Contornos e Rodoanel Norte.

Nesta última obra, segundo o próprio site do governo do Estado, liderou as negociações que culminaram na celebração do contrato de empréstimo de US$ 1.150 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Em maio de 2017, Casagrande Lourenço acumulou também o cargo de secretário de Logística e Transportes. Desde maio, com a saída de Alckmin e a chegada de Marcio França (PSB) ao governo, foi deslocado para a Cesp.

Casagrande Lourenço está na sede da PF em São Paulo, onde ocorre uma coletiva de imprensa para falar sobre a operação Pedra no Caminho.

Veja a situação das obras de trecho do Rodoanel Norte em abril de 2017:

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Defesas

Em 2016, após a abertura do inquérito, a Dersa negou "qualquer favorecimento às construtoras". "A gente solicitou uma série de avaliações ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) nesse sentido. Identificada alguma discrepância, ela vai ser corrigida", afirmou na ocasião o então presidente da empresa, Laurence Casagrande.

A empresa de manifestou sobre as investigações. "A Dersa - Desenvolvimento Rodoviário S/A e o Governo de São Paulo são os maiores interessados acerca do andamento do processo. Havendo qualquer eventual prejuízo ao erário público, o Estado adotará as medidas cabíveis, como já agiu em outras ocasiões", disse, em nota.

A reportagem está tentando contato com os citados. O espaço está aberto para suas manifestações.

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