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Alunos fazem "saiaço" em frente a colégio em São Paulo

O protesto ocorreu em apoio a dois estudantes repreendidos após usar o traje na semana passada

Alunos do Colégio Bandeirantes, na zona sul de São Paulo, vão à aula de saia em protesto (Marcelo Camargo/ABr)

Alunos do Colégio Bandeirantes, na zona sul de São Paulo, vão à aula de saia em protesto (Marcelo Camargo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2013 às 09h37.

São Paulo - Cerca de 80 alunos do ensino médio do Colégio Bandeirantes, na zona sul de São Paulo, foram, na segunda-feira, 10, para a escola vestidos de saia.

O protesto ocorreu em apoio a dois estudantes repreendidos após usar o traje na semana passada. Na segunda-feira, 10, o colégio não impediu a manifestação e o professor acusado de hostilizar um estudante pediu desculpas.

Revoltados com a postura da instituição, alunos e ex-alunos se mobilizaram nas redes sociais. No Facebook, eles satirizaram a propaganda do colégio, que tem a frase "É comum ver alunos chegando de sandálias. Eles sabem que não serão avaliados pelo que têm nos pés".

Na segunda-feira, 10, eles levaram à porta da escola cartazes com os dizeres "Rebelde sem calça", "Liberdade de expressão" e "Em que século estamos?". As meninas emprestaram saias aos garotos e, às 7h, os estudantes do ensino médio entraram sem resistência na escola.

Na quinta-feira passada, João Braga, de 16 anos, foi hostilizado pelo professor de Biologia Juvenal Schalch quando retornou à sala de aula com a roupa trocada com uma colega, durante comemoração da festa junina da escola. "O professor falou de forma séria para mim que se tratava de uma festa caipira e não uma festa gay. Qual seria o problema se eu fosse homossexual?", perguntou Braga.

O professor Juvenal Schalch disse que citou a Parada Gay por brincadeira. "Fui mal interpretado. Não sou preconceituoso e jamais me permitiria insultar um aluno." Ele afirmou que pediu desculpas a Braga na segunda-feira, 11. "Mas expliquei que, se ele se vestir novamente daquela forma, não o deixarei entrar em respeito aos demais", disse.

Em solidariedade ao colega, Pedro Brener, de 17 anos, resolveu ir ao Bandeirantes de saia no dia seguinte. Ele também foi impedido pela direção de continuar com o traje. "Eles me deram a opção de tirar a saia ou voltar para casa. Eu fui embora", afirmou.


Preconceito. Para os alunos, a direção do colégio foi preconceituosa. "É uma posição contraditória para um colégio ‘liberal’, uma ofensa à liberdade de expressão de qualquer indivíduo", afirmou Raphael Vinícius Gonzaga Vieira, de 17 anos, aluno do 3.º ano.

"O colégio tem de demonstrar sua nova mentalidade não só tendo Wi-Fi. Tem de deixar os alunos se vestirem do jeito que bem entenderem", afirmou Maria Carolina Blanco da Rocha Braga, de 16 anos.

Já o cartunista Laerte, que se veste com roupas femininas, disse que a manifestação pacífica dos alunos foi a melhor forma de lidar com o conflito. "Dentro das escolas e universidades, cultivam-se vários aspectos da nossa cultura, incluindo o conformismo a regras estabelecidas. O que está na moda não é o ‘saiaço’, mas a repreensão do que não tem cabimento reprimir, em nome de noções pseudocientíficas como ‘normas de gênero’", disse o cartunista.

Direção

A diretoria do Colégio Bandeirantes afirmou que não punirá os estudantes que participaram do protesto. "Nossa preocupação é com a segurança dos alunos. Na Vila Mariana, percorrem pessoas de todos os segmentos da sociedade e existem grupos discriminatórios que cometem agressões físicas e até verbais", afirmou Mauro Aguiar, diretor-presidente do Bandeirantes.

"Temos de considerar que, no dia da festa junina (quinta-feira), foi um ‘esculacho’ ver o aluno vestido daquele jeito, aquilo não é uma forma alternativa de traje", disse Aguiar.

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