Produção industrial na China: custos menores e concorrência desleal (China Photos/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2011 às 08h50.
São Paulo – A expansão de 10,5% da indústria brasileira em 2010, a maior desde 1986, não será comemorada pelos empresários. O resultado é “enganoso”, pois a base de comparação era muito baixa, após a retração de 7,4% em 2009 provocada pela crise internacional.
Além disso, o excelente desempenho ficou restrito ao primeiro trimestre; desde então, o setor produtivo vem patinando mês a mês e terminou dezembro com queda de 0,7% ante novembro. Não bastassem os velhos problemas de infraestrutura, custo de capital e carga tributária, que tiram a competitividade das fábricas instaladas no Brasil, o setor sofre com o câmbio valorizado. Está mais difícil vender o nosso produto no exterior e a inevitável avalanche de importados rouba um pedaço do mercado interno.
A perspectiva para a indústria em 2011 está longe de ser trágica. Segundo o boletim Focus, o crescimento deve ser de 5,03% para uma expansão de 4,6% do PIB. As previsões, no entanto, ainda podem ser revistas dependendo do tamanho da desaceleração provocada pelo Banco Central, cuja prioridade – correta – do momento é combater a inflação. Ainda é cedo para afirmar que o Brasil sofre um processo de desindustrialização, mas, antes que o quadro piore muito, é interessante que o governo não aceite a concorrência desleal de mercadorias chinesas e promova medidas compensatórias.
A primeira delas, que ainda não passa de uma promessa de início de mandato, é a redução escalonada na tributação sobre folha de pagamento. A eliminação de encargos trabalhistas é um pleito antigo do empresariado e poderia aumentar o índice de formalização no mercado de trabalho. Espera-se que o governo não fique deslumbrado com a taxa recorde de desemprego (5,3%) e adie os ajustes necessários para que a economia continue crescendo de forma sustentada. Sem falar nas reformas estruturais que se arrastam há anos.