Nunes: o ministro também cobrou respostas do governo venezuelano sobre a morte de um vereador da oposição (Thomas Peter//Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 11 de outubro de 2018 às 14h19.
Em viagem à Espanha para negociar os termos do acordo entre Mercosul e União Europeia, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, defendeu hoje (11) uma solução pacífica e sem interferência externa para a crise na Venezuela. Ele ressaltou que o governo brasileiro é contrário a qualquer ação violenta para tentar resolver o impasse.
"Espanha e Brasil são a favor da solução pacífica para a Venezuela. Solução [definida] pelos próprios venezuelanos, somos contra qualquer solução violenta. Somente assim vamos restabelecer a institucionalidade democrática na Venezuela", destacou.
Aloysio Nunes reiterou a preocupação do Brasil com os imigrantes venezuelanos, a segurança na fronteira com a Venezuela e o tráfico de drogas na região. Ele condenou as manifestações xenófobas registradas no Brasil, mas ressaltou que foram reações isoladas.
Questionado se o presidente eleito tratará de forma diferente o governo de Nicolás Maduro, o ministro afirmou que os candidatos neste segundo turno Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) têm visões distintas sobre a condução da política externa em relação ao país vizinho. Para ele, em entrar em detalhes, Bolsonaro terá uma "postura mais dura" em comparação a Haddad.
Aloysio Nunes cobrou mais uma vez investigações independentes e transparentes sobre a morte do vereador de oposição Fernando Albán. O político venezuelano contrário ao governo Maduro foi declarado morto na segunda-feira (8) e segundo fontes oficiais, teria se suicidado. "No Brasil, houve vários casos em que o assassinato foi disfarçado de suicídio."
Ao lado do ministro das Relações Exteriores espanhol, Josep Borell, Aloysio Nunes reiterou a disposição de aprofundar a Parceria Estratégica entre Brasil e Espanha e fortalecer os compromissos registrados no plano de 2003, na Declaração de Brasília sobre a Consolidação da Parceria Estratégica de 2005 e na Declaração de Madri de 2012.
Aloysio Nunes defendeu a relevância de um acordo entre Mercosul (bloco que reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, que está suspensa) e União Europeia.
O chanceler ressaltou que o Mercosul pode negociar produtos e maquinários agrícolas com os europeus e que não há interesse em disputar com a indústria dos países, mas sim cooperar e compartilhar.
Em nota, o governo brasileiro lamentou as enchentes na lha de Mallorca, na Espanha, considerado um local paradisíaco e de atração turística. Além dos desassistidos, pelo menos nove pessoas morreram. "O governo brasileiro manifesta pesar pelas mortes e danos materiais provocados pelas intensas chuvas na ilha de Mallorca, e expressa suas condolências e solidariedade aos familiares das vítimas, ao povo e ao governo da Espanha."
Segundo o governo regional de Mallorca, pelo menos nove estradas da zona leste da ilha precisaram ser fechadas por causa da inundação. Até 232 litros de água por metro quadrado atingiram na tarde de ontem (10) a região em apenas duas horas.
As autoridades pediram a todos os moradores que permaneçam em suas casas e informaram que as aulas foram suspensas na região afetada. Os danos materiais causados pelas inundações são bastante numerosos, segundo testemunhas e integrantes dos serviços de emergência. Mallorca faz parte do arquipélago das Ilhas Baleares, no Mar Mediterrâneo, é um dos principais destinos turísticos da Espanha.